'Filme Socialismo': Em um belo filme-ensaio, Godard reflete sobre a crise da União Europeia, a Cultura e a História do Velho Mundo!
'Filme Socialismo': Em um belo filme-ensaio, Godard reflete sobre a crise da União Europeia, a Cultura e a História do Velho Mundo! - por Marcos Doniseti!
A produção e as características de 'Filme Socialismo'!
'Filme Socialismo', de Jean-Luc Godard, que foi lançado no Festival de Cannes, em Maio de 2010, teve uma grande parte das suas filmagens realizadas em um navio de cruzeiro chamado 'Costa Concordia', que viajou pelo Mar Mediterrâneo e parou em várias cidades.
Godard não compareceu ao Festival de Cannes para o lançamento do filme, justificando a ausência dizendo, por meio de uma carta, que estava com problemas do 'tipo grego', o que era uma referência à crise da Grécia, que se desenvolvia naquela época, e também pelo fato de que o cineasta considera que a Grécia inventou a Lógica e merecia ser indenizada por isso.
Na visão de Godard, algumas das cidades visitadas pelo 'Costa Concordia' estão na origem da civilização europeia e incluem Barcelona (de onde o navio saiu), Alexandria (Egito), Odessa (Ucrânia), Argel (Argélia), Nápoles (Itália), Haifa (Palestina) e, aquela que Godard considera como o berço da Arte e da Civilização da Europa, que é a Grécia.
Na Palestina não foi possível que o navio atracasse, pois isso foi vetado, o que Godard denunciou por meio de intertítulos que dizem 'Acesso Negado'. No filme não temos os detalhes disso, mas a proibição deve ter sido obra do governo israelense, inimigo dos Palestinos, cuja luta Godard sempre apoiou, desde a década de 1960.
Logo, a expressão 'Acesso Negado' que vemos no filme também é uma referência que Godard faz à expulsão dos palestinos de suas terras por parte dos sionistas criadores do Estado de Israel, processo que já dura mais de 75 anos e cujos conflitos se intensificaram de 2023 em diante.
Godard sempre defendeu a luta dos Palestinos em defesa de suas terras, sendo que até fez um filme sobre o tema, junto com Jean-Pierre Gorin, que deveria se chamar 'Até a Vitória' (1970), mas que ficou inacabado.
'Quo Vadis Europa' dá início ao segundo segmento de 'Filme Socialismo', que é centralizado nos problemas enfrentados pela União Europeia na época da realização do filme. |
O filme possui uma estrutura fragmentária, dividindo-se em três segmentos. E principalmente no primeiro segmento nós temos uma serie de reflexões que são feitas pelos, digamos, 'personagens', mas sem que exista uma ordem ou uma sequência normal.
As reflexões são feitas durante todo o primeiro segmento, de forma aleatória, não linear, usando-se a técnica da colagem, que Godard utilizou em vários dos seus filmes, incluindo o último ("Le Livre D'Image"; 2018).
Assim, os temas são retomados em várias oportunidades, inexistindo um único trecho para cada um, que é que Godard fazia antigamente, em filmes como aqueles que ele dirigiu, junto com outros cineastas (JP Gorin, JH Roger, DA Pennebaker e R. Leacock), na época do Grupo Dziga Vertov (1968-1972). Exemplos disso são 'British Sounds' (1969) e 'One Parallel Movie' (1968-1971).
Estas reflexões remetem a vários temas, incluindo a Guerra Civil Espanhola, o abandono da África pelos países ricos, a Segunda Guerra Mundial, a Espionagem, a Resistência Francesa, o triunfo do consumismo, a ignorância e o desprezo das pessoas pela Arte, História e pelo Conhecimento em geral (Pintura, Geometria, Música...) e o avanço das tecnologias audiovisuais, que foram massificadas.
Inclusive, no filme, somente dois 'personagens' carregam jornais consigo e ambos são idosos (Maurice e Bob Maloubier).
Então, o filme divide-se em três segmentos, que são:
1- 'Des Choses Comme Ça' ('Das Coisas Como São')!
'O dinheiro é um bem público', frase que é dita pelo economista Bernard Maris logo no início do filme. |
Na primeira parte nós temos um cruzeiro pelo mar Mediterrâneo, a bordo de um navio, o 'Costa Concordia', com os passageiros e as atividades que desenvolvem durante a viagem representando uma espécie de microcosmo da Europa capitalista e rica contemporânea.
O navio era uma espécie de cidade ambulante, com inúmeras atividades, realizadas em bares, restaurantes, pistas de danças, salões para palestras, missas, piscina, pinturas sendo exibidas, etc.
É claro que os turistas que viajavam eram, essencialmente, da classe média mais abastada da Europa e, na sua imensa maioria, eram pessoas adultas, com a presença de muitos idosos. Tínhamos bem poucas crianças, adolescentes e jovens, o que reflete a atual divisão demográfica dos países mais desenvolvidos.
Em 2019, os idosos com mais de 65 anos representavam 20,3% da população da União Europeia, superando o percentual de menores de 15 anos, e o percentual deles irá aumentar ainda mais nas próximas décadas.
2- 'Quo Vadis Europa' (Para Onde Vai, Europa?)!
Este
segundo segmento não é tão famoso quanto o primeiro, que se desenvolve
no navio, mas tem quase a mesma duração. O primeiro segmento dura 46
minutos, este segundo dura 40 minutos e o último tem 16 minutos de
duração.
O segmento mostra uma família da pequena burguesia (família Martin), que vive em uma pequena cidade francesa e que está envolvida em uma disputa eleitoral (a mãe é candidata), o que chama a atenção de uma equipe de reportagem de um canal de TV da região que está fazendo a cobertura dos fatos e quer explorar a participação da família na eleição para ganhar audiência.
O
nome da família (Martin) é uma referência a uma rede de combatentes que
integrou o movimento da Resistência e que lutou contra a ocupação
nazista da França, que ocorreu entre Junho de 1940 e Agosto de 1944. A família Martin está enfrentando dificuldades financeiras e tem que resistir à essa situação.
Além disso, a família Martin resiste às investidas de uma jornalista de canal de TV que a pressiona para que eles concedam entrevistas, pois a campanha eleitoral está gerando um grande interesse da população. Enquanto isso, os dois filhos, uma criança e uma jovem, fazem uma série de questionamentos aos seus pais sobre o que o futuro lhes reserva.
Logo, Godard estabelece uma conexão entre a Resistência francesa à ocupação nazista (1940-1944) e a resistência da família Martin à crise econômica europeia e às pressões de uma mídia sensacionalista.
Desta maneira, Godard promove um debate sobre o sistema político europeu, o papel da mídia hegemônica e o conflito de gerações na Europa, que é um continente com uma população bastante envelhecida, o que pressiona os gastos públicos e gera conflitos de interesses entre os diferentes grupos demográficos.
Em inúmeras eleições os resultados mostram uma imensa diferença entre os votos dos idosos e dos mais jovens. No Brexit, por exemplo, os jovens votaram maciçamente pela permanência do Reino Unido na União Europeia, enquanto os idosos votaram fortemente pela saída do bloco europeu, o que contribuiu muito para jogar a economia britânica na estagnação.
Nas eleições francesas mais recentes, de 2022, para a Presidência e para o Parlamento, os jovens votaram em peso em partidos de Esquerda, nos Liberais e nos Verdes, enquanto os idosos preferiram partidos mais conservadores, de Direita. Isso comprova a atualidade dessa questão que foi tratada por Godard neste belo filme ensaio que é o 'Filme Socialismo'.
3- 'Nos Humanités' (Nossas Humanidades)!
Este é o segmento mais curto, com 15 minutos de duração, e o mesmo retoma temas e locais que estão presentes no primeiro segmento.
É um curta metragem, em forma de documentário, no qual Godard reflete sobre a história da Arte e do próprio continente Europeu, buscando nestes elementos algumas possíveis explicações para a crise que a União Europeia e o seu processo de integração enfrentavam naquele momento.
Aliás, agora, em 2022, a União Europeia está novamente mergulhada em uma grave crise, que foi bastante agravada pela Guerra na Ucrânia e que gerou um grande aumento da inflação (que já estava aumentando antes da guerra), que está em 10,6% ao ano na Zona do Euro (taxa de outubro deste ano), que é a terceira maior região econômica mundial, sendo formada por 19 dos 27 países da UE, incluindo Alemanha, França, Itália e Espanha.
Filme Socialismo e a crise da Europa!
Uma bela imagem mostrando Constance e Mathias andando pelo convés do 'Costa Concordia', um luxuoso navio de cruzeiro no qual Godard filmou quase metade do material de 'Filme Socialismo'. |
'Filme Socialismo' (2010) foi realizado na época do auge da crise da Grécia e da União Europeia, em um momento no qual o próprio projeto de integração europeu passava por uma situação gravíssima. Esta crise também atingiu com intensidade a inúmeros países do bloco, tais como a Itália, Espanha, Portugal, Irlanda e até a França.
Estes países estavam fortemente endividados e suas economias entraram em uma Depressão profunda, levando a uma forte queda da atividade econômica, gerando falências de muitas empresas e um aumento brutal do desemprego. E muitas pequenas empresas também acabaram falindo.
Nessa época, Godard até chegou a apresentar uma proposta curiosa, mas interessante, de que os europeus deveriam pagar 10 euros todas as vezes em que eles se utilizassem da palavra 'Portanto', pois os gregos é que tinham inventado a Lógica. Desta maneira, os gregos acumulariam dinheiro suficiente para pagar todas as suas dívidas e a crise do país chegaria ao fim.
Essa ironia de Godard tem, claramente, um fundo de sabedoria, pois ele estava dizendo que a Arte e o Conhecimento que os Gregos produziram e que deixaram como legado para a humanidade (para a Europa, em especial) são muito mais importantes do que qualquer dívida, ou seja, do que o dinheiro ou do que a economia, pois as criações dos gregos antigos estão nas bases desta civilização.
Aliás, logo no início do filme um dos personagens (o economista Bernard Maris) diz que o dinheiro deveria ser como a água, ou seja, um bem público que deveria ser acessível para todos. E o personagem fala isso enquanto vemos as águas revoltas do Mediterrâneo.
Aliás, o economista Bernard Maris foi assassinado nos atentados ao jornal satírico 'Charlie Hebdo', em Janeiro de 2015, publicação da qual ele era um acionista. Maris era um duro crítico das políticas de 'austeridade' que eram impostas pela Comissão Europeia, pelo FMI e pelo Banco Central Europeu (a chamada 'Troika') naquele período e defendia ideias keynesianas para superação da crise.
Com a crise econômica e financeira que se abateu sobre a União Europeia a pobreza voltou a aumentar nos países do bloco, sendo que a Grécia foi o país mais atingido, com a taxa de desemprego entre os jovens chegando a espantosos 50%. Em Portugal, Itália e na Espanha essa mesma taxa chegou a 40%.
Na época, muitos políticos, jornalistas, economistas e intelectuais cogitaram da possibilidade concreta de que ocorresse um colapso da Zona do Euro e do processo de integração europeu como um todo. Os jornais e revistas da época estavam repletos de matérias anunciando esse fim trágico para o processo de integração do Velho Mundo.
A jovem Alissa lendo o livro 'A Porta Estreita', de André Gide. Uma das protagonistas do livro se chama justamente Alissa. E o título e a trama do livro também remetem à Bíblia. |
Assim, não é à toa que Godard estava muito pessimista com esse cenário horripilante da economia e da sociedade europeias, o que se reflete no clima triste e melancólico que o filme possui, embora o mesmo conte com imagens belíssimas e um rico trabalho de Godard com o som.
Os sons do filme são interrompidos com frequência e em vários momentos quem está falando não aparece na imagem, algo que Godard faz desde a fase Nouvelle Vague.Este processo de integração europeu teve início nos anos seguintes ao fim da Segunda Guerra Mundial, sendo que o seu embrião foi a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, que reuniu Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, e que foi criada em Abril de 1951.
Assim, Godard entendia essa crise da integração da Europa como se a mesma estivesse naufragando e caminhando para o seu fim (e estava mesmo...).
Olga conversa com Otto Goldberg, a quem diz que sonha em ver, antes de morrer, a Europa feliz novamente, o que era, claramente, o desejo do próprio Godard. |
Uma das 'personagens' (Olga) diz, para Goldberg, que somente desejará morrer depois que a Europa for feliz novamente e que as palavras Rússia e Felicidade estiverem na mesma frase. Daí, Goldberg faz uma saudação irônica, dizendo 'Ein Liter' (Um Litro).
No entanto, logo depois vemos pais e filhos nadando em uma piscina, turistas tirando fotos e um vídeo com extremistas islâmicos jogando corpos de pessoas mortas na parte traseira de um veículo, entrando em choque com a frase por Olga.
E depois aparece, boiando no mar, algo que se parece com uma coroa de espinhos e alguém falando 'Perdão, amigo, posso fazer uma pergunta?'. Essa sequência começa aos 22:10 minutos e vai até os 23:20 minutos.
Ele é mais um daqueles pequenos vídeos que temos dentro do filme e que constituem um todo lógico e coerente e que, também, se conecta com a proposta do filme inteiro.
Aliás, temos um outro momento no filme no qual um 'personagem' (Mathias) faz uma reflexão sobre as maneiras como as partes e o todo se relacionam e que está, claramente, relacionada com a forma com a qual Godard montou o seu filme.
Logo, embora deseje muito, Godard parece não acreditar que essa Felicidade, tão desejada por Olga (e por ele mesmo...), se tornará realidade para os europeus.
Essa gravíssima crise europeia foi, em grande parte, revertida nos anos seguintes à realização de 'Filme Socialismo' (2010), com a adoção de medidas de forte estímulo econômico que foram adotadas pelo Banco Central Europeu (BCE).
Entre estas medidas, tivemos: a redução da taxa de juros anual para zero por cento; grande emissão de moeda, da ordem de vários trilhões de Euros, para estimular o crédito, o investimento e o consumo; o fornecimento de crédito a custo zero para o sistema financeiro europeu; e adoção de garantias para as dívidas públicas dos países membros da União Europeia.
Mas, neste momento, em 2022, a Europa novamente mergulhou em uma gravíssima crise, o que parece dar razão ao pessimismo de Godard quanto ao futuro do continente.
Dois filmes: 'Filme Socialismo' (2010) como continuação de 'Nouvelle Vague' (1990)!
Alissa e Ludovic (nome presente em vários filmes de Godard) descendo pelo elevador do luxuoso navio 'Costa Concordia'. |
Porém, o dado triste da história de 'Filme Socialismo' é que o navio de cruzeiro (Costa Concordia), muito grande e bastante luxuoso, e no qual Godard filmou, acabou naufragando em Janeiro de 2012, no litoral da Itália (na região da Toscana), uma tragédia na qual morreram 32 pessoas.
Esse naufrágio era muito simbólico da situação gravíssima que a Europa enfrentava no período. Posteriormente, em Setembro de 2013, o navio foi reerguido e, em Maio de 2015, ele foi desmontado em Gênova.
Três anos depois, um sobrinho de Godard, Paul Grivas, dirigiu uma mistura de making off do filme e documentário sobre o trágico naufrágio do navio e que se chamou 'Film Catastrophe' (2018). Ele está acessível para ser assistido, livremente, na Internet (ver link mais abaixo).
Em 'Filme Socialismo' Godard também mostrou o quanto as sociedades contemporâneas já se encontravam hiper fragmentadas e marcadas pelo egoísmo e por um individualismo exacerbado, com as pessoas cada vez mais voltando-se para elas mesmas e convivendo apenas com quem pensa, veste-se e vive de maneira semelhante.
Assim, o que temos no 'Costa Concordia' são pessoas que, essencialmente, fazem parte de um mesmo segmento da população europeia, reunindo aqueles que mais se beneficiaram com esse processo de integração, que se fez sob o domínio do Capitalismo Neoliberal, que são os mais abastados, enfim, são indivíduos privilegiados em vários aspectos (educacional, econômico, político).
É bom ressaltar que o próprio Godard já havia mostrado o triunfo do Capitalismo Neoliberal, na Europa e no mundo, em seu filme 'Nouvelle Vague', de 1990, que contou com a participação de Alain Delon.
Neste filme de 1990, Godard mostrou que o triunfo global do Neoliberalismo exigia a criação de um novo modelo de ser humano, que seria marcado pelo individualismo, egoísmo e ganância, e que o mesmo seria criado à imagem e semelhança da Burguesia Neoliberal triunfante. Foi exatamente isso que ocorreu nas décadas seguintes.
E o belo 'Filme Socialismo' mostra justamente esse novo 'neoliberal homini' e, também, deixa claro que as pessoas que estão no 'Costa Concordia', navegando pelo Mediterrâneo, não interagem com quem está fora da sua bolha.
Desta forma, Godard mostra que os sentimentos coletivistas do passado, quando se lutava pelo Socialismo ou, no mínimo, por um Estado de Bem Estar Social amplo e generoso, foram sufocados pelo individualismo na sociedade europeia.
Os debates e reflexões presentes no filme!
A classe média global e neoliberal triunfante dança, bebe, joga, nada, namora, se diverte, enquanto que um intelectual tenta conversar com uma mulher de origem russa sobre uma história envolvendo o governo da República Espanhola durante a Guerra Civil (1936-1939).
Nessa história, o ouro que pertencia ao governo Republicano, da Frente Popular, foi transportado para a URSS (em Outubro de 1936), a fim de evitar que ele viesse a cair sob o domínio das forças militares franquistas, que conquistaram inúmeras vitórias nos primeiros meses da Guerra Civil e ameaçavam conquistar a capital, Madrid, encerrando a guerra rapidamente.
Porém, uma boa parte deste ouro nunca chegou ao seu destino. E a partir daí vemos um homem (Maurice) e uma mulher (Olga) trocarem informações sobre o que poderia ter acontecido com esse ouro.
No filme, o ouro simboliza valores distintos, conforme a época. Na Antiguidade ele representava a grandeza e riqueza de Estados poderosos: Babilônia, Pérsia, Egito, Grécia Helênica.
Agora, o ouro pertence aos indivíduos ou a organizações empresariais e criminosas, que se apoderam das riquezas das Nações, cujos povos estão cada vez mais empobrecidos, o que obriga aos pequenos proprietários, como os membros da família Martin (do segundo segmento), a vender seu pequeno negócio em um contexto desfavorável.
Dois personagens reais: Bob Maloubier, um agente secreto francês e o economista Bernard Maris. |
Aliás, também vemos esse tipo de situação, de uma família da pequena burguesia em situação econômica muito difícil e negociando a vendas das suas pequenas empresas, em outros filmes de Godard, incluindo 'Je Vous Salue, Marie' (1985) e 'Hélas Pour Moi' (1993).
Além disso, a atual crise europeia, com a Guerra na Ucrânia, desencadeou uma fortíssima onda de russofobia no continente europeu que atingiu até mesmo Tchaikovsky e Dostoievski, com certeza, deve ter deixado Godard bastante amargurado e decepcionado com o rumos dos acontecimentos na Europa.
Não é de se duvidar que a atual crise europeia e a russofobia que se desencadeou na Europa tenha colaborado bastante para o fato dele ter se sentido exausto, levando-o a optar pela morte assistida em setembro deste ano. Ainda mais depois do que vimos Olga dizer neste 'Filme Socialismo' sobre a possibilidade da Europa e da Rússia voltarem a ser felizes.
Godard sabia muito bem que a única possibilidade de existir uma Europa pacífica é se a parte ocidental e a Rússia conseguissem se entender. Mas o que está acontecendo, agora, é exatamente o contrário do que Godard esperava. Logo, não é à toa que Godard disse que estava exausto e escolheu a morte assistida.
Afinal, Godard ficou muitos anos fazendo filmes nos quais procurava analisar criticamente e chamar a atenção dos europeus para os principais problemas que o Velho Mundo enfrenta: crise econômica, aumento das desigualdades sociais e da pobreza, guerras (Iugoslávia, Oriente Médio), incapacidade de dialogar com quem é diferente (árabes e muçulmanos, em especial).
Uma bela imagem do filme, na qual vemos o Sol escondido por nuvens escuras, o que pode ser interpretado como uma representação da crise que a União Europa enfrentava na época da realização do filme. |
Os filmes de Godard realizados no século XXI giram, todos, em torno de acontecimentos e crises que tinham a Europa como centro de tudo. No entanto, Godard foi ignorado por todos aqueles que detinham o poder de tomar decisões e, portanto (olha a Grécia aí...), de mudar a situação.
E um exemplo disso é que a artista que temos no filme, Patti Smith, toca violão no navio, mas não tem ninguém prestando atenção ao que ela está cantando e é ignorada pelas demais pessoas, o que é uma maneira pela qual Godard mostra o isolamento dos artistas no mundo contemporâneo.
Afinal, os artistas não conseguem mais atingir o grande público, que não se importam com o que eles dizem sobre política, economia, cultura, arte, e muitos os veem apenas como meros entertainers, e são ignorados pelos que tomam as principais decisões (sistema financeiro, grandes empresas, políticos).
Esta, aliás, foi a situação do próprio Godard durante as últimas décadas, pois os seus filmes foram e são assistidos por bem poucas pessoas mundo afora. Godard também mostrou essa situação em outros filmes seus, como foi o caso de 'For Ever Mozart' (1996).
Em 'Filme Socialismo', Godard também antecipou a tendência da formação das bolhas sociais, que foram reforçadas pela disseminação das redes sociais nos anos seguintes, que levam as pessoas a se tornarem ainda mais egoístas e agressivas, acreditando que ficarão impunes graças ao anonimato.
Ele também mostra que o processo de criação de imagens (fotos e vídeos) estava massificado, graças ao fato de que praticamente todas as pessoas já possuíam câmeras digitais. Assim, muitos personagens ou turistas que vemos no filme são mostrados tirando fotos ou filmando. Em função disso, Godard disse que todos passaram a ser autores de seus filmes.
O filme também possui inúmeros personagens, de várias origens, etnias, nacionalidades, gênero e idade. Alguns interpretam a eles mesmos, como são os casos de Patti Smith, Lenny Kaye, Bob Maloubier e de intelectuais como Alain Badiou, Elias Sanbar e do economista Bernard Maris, que diz, no início do filme, que o dinheiro deveria ser um bem público.
Aliás,
uma outra nota trágica remete ao próprio Bernard Maris, que foi
assassinado no atentado terrorista cometido por extremistas islâmicos no
Charlie Hebdo, publicação satírica francesa. Ele era acionista e membro do conselho editorial da publicação e foi assassinado nos atentados realizados por terroristas islâmicos em janeiro de 2015.
Entre os personagens do filme também temos um homem idoso, Otto Goldberg, que está no navio acompanhado de uma jovem, Alissa, e de uma criança, Quentin. O filósofo Alain Badiou, amigo de Godard, faz uma palestra, sobre Geometria, em uma salão com poucas pessoas.
Uma jovem de origem africana, Constance, por sua vez, faz reflexões sobre a crise europeia e a perda de poder e influência dos europeus no mundo, enquanto percebe, também, que os países desenvolvidos abandonaram o continente africano, deixando-o largado à sua própria sorte, chegando a dizer que a AIDS existe para eliminar a população negra africana.
Outros filmes de Godard e a situação histórica!
Os filmes de Godard, sem exceção, sempre estão intimamente relacionados com os principais acontecimentos históricos do momento em que foram realizados. Isso vale, por exemplo, para 'A Chinesa' (1967), que mostra a juventude maoista francesa da época e que antecipou os movimentos do Maio de 68 e, também, os impasses e dilemas do Pós Maio de 68.
Depois, entre os anos de 1968 e 1972, Godard mergulhou em sua fase maoista e participou do Grupo Dziga Vertov (que ele fundou junto com Jean-Pierre Gorin), realizando inúmeros filmes que estavam conectados aos acontecimentos da época, incluindo a Guerra do Vietnã, Lutas dos Palestinos, Contracultura, Primavera de Praga, Direitos Civis, Rock, Black Panthers, Feminismo, Movimento Estudantil.
Entre estes filmes nós temos 'Masculino Feminino' (1966), 'Sympathy for the Devil'/'One Plus One' (1968), 'One Parallel Movie.' (1968-1971), 'British Sounds' (1969) e 'Pravda' (1969), por exemplo.
Já no filme 'Alemanha 90 Novo Ano Zero' (1991), por sua vez, Godard reflete criticamente sobre o processo de reunificação da Alemanha (1989-1990) e avisa aos europeus dos riscos que esse acontecimento implicava, conseguindo antecipar as Guerras da Iugoslávia, que começaram em 1991 e que duraram 10 anos.
Godard e seus jogos de palavras: Duas palavras que possuem vários significados, dependendo de como elas forem usadas. |
Outros filmes de Godard também trataram dos acontecimentos do mesmo período histórico em que foram realizados, como foram os casos de 'For Ever Mozart', de 1996, e que está relacionado com a Guerra da Bósnia (que aconteceu entre Abril de 1992 e Dezembro de 1995).
Em seu filme mais recente, "Le Livre D'Image" ('Imagem e Palavra', título brasileiro), de 2018, que recebeu uma Palma de Ouro Especial no Festival de Cannes, Godard também comenta sobre vários assuntos da atualidade, incluindo guerras, devastação do meio ambiente, aumento da violência, islamofobia, terrorismo.
Em "Le Livre D'Image", Godard também faz uma análise bastante crítica da maneira como os árabes e os muçulmanos são retratados pelo Ocidente, o que ocorre de forma inteiramente negativa e distorcida, de uma maneira que acaba reforçando a Islamofobia, a qual ele condena duramente.
Portanto, a obra de Godard está sempre diretamente dialogando com os acontecimentos históricos do momento em que os filmes foram realizados, ao mesmo tempo em que ele sempre buscou fazer isso de maneira inovadora e ousada, sempre procurando realizar filmes que sejam muito diferentes no aspecto formal, tal como acontece em 'Filme Socialismo' (2010).
Godard sempre procurou inovar e fez isso até o fim de sua vida.
'Filme Socialismo' e a crise atual da Europa!
Imagem de 'Filme Socialimo' (2010). Qualquer semelhança com a imagem de Kiev sendo bombardeada pelos russos em 2022 não é mera coincidência (ver imagem a seguir). |
'Filme Socialismo', além de antecipar tendências sociais e mostrar e refletir sobre a crise europeia que ocorria naquele momento, também é um filme inovador em seus aspectos visuais (com imagens belíssimas, que foram parcialmente filmadas com câmeras digitais) e sonoros.
Godard também estava sempre procurando se manter atualizado com as novas tecnologias do audiovisual, comprando novas câmeras e equipamentos. Não foi à toa que ele foi um dos pioneiros em trabalhar com vídeo (anos 1970), câmeras digitais ('Filme Socialismo') e com o 3D (vide o 'Adeus a Linguagem', filme de 2014).
E essa capacidade de Godard de conseguir antecipar os acontecimentos e as tendências sociais (Gorin disse que Godard era uma espécie de sismógrafo da sociedade) foi tragicamente confirmada pelo trágico naufrágio do navio 'Costa Concordia', que ocorreu em Janeiro de 2012.
Este naufrágio catastrófico foi como uma representação simbólica da crise europeia e de um possível desmoronamento do processo de integração.
Kiev (Ucrânia) sendo bombardeada pelos governo da Rússia em 2022. Qualquer semelhança com a imagem anterior, de 'Filme Socialismo' (2010), não é mera coincidência. |
E agora, em pleno 2022, a Europa está novamente mergulhada em uma gravíssima crise, com a eclosão da Guerra da Ucrânia e que resultou em uma série de sanções comerciais e financeiras contra a Rússia, bem como em uma onda de russofobia no Velho Mundo que não poupou sequer gênios como Tchaikovsky e Dostoievski.
Com isso, os preços da energia e dos alimentos dispararam na Europa, acarretando um brutal aumento da inflação, que já está em 10,6% ao ano na Zona do Euro. Uma inflação tão alta é um fenômeno que se tornou muito raro nos países ricos nas últimas décadas.
Desde 1982-1983, há 40 anos, portanto (olha os gregos aí novamente), que os europeus não enfrentavam um processo inflacionário tão grave quanto o atual e que ameaça, até mesmo, promover um processo de desindustrialização do continente, o que levaria a uma brutal queda nas condições de vida da população.
'Filme Socialismo' e as referências literárias e históricas!
Olga segura o livro 'Markus - Espion Allemand', de Roger Faligot. |
O filme também está repleto de referências literárias e históricas, como sempre acontece nos filmes de Godard, sendo que algumas delas são bem explícitas.
Um exemplo disso é que vemos a jovem Alissa lendo o livro 'A Porta Estreita', de André Gide, no qual temos uma personagem com o mesmo nome. E o título 'A Porta Estreita' remete diretamente à Bíblia, pois no Evangelho de Mateus nós temos o seguinte:
"Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram.".
Então, pode-se interpretar essa citação como uma demonstração do pessimismo e amargura nos quais Godard mergulhou com a grave situação europeia, dando a entender que ele não parecia estar enxergando uma solução para a superação dessa crise.
Também temos referência à história de vida de um espião alemão chamado Richard Christmann, que foi filiado a um partido fascista francês e que trabalhou para vários serviços de espionagem (França, Alemanha Nazista e, durante a Guerra Fria, para a Alemanha Ocidental).
As ações de Chrstimann são tema de debate entre Maurice e Olga, que usam um livro de autoria de Roger Faligot para comentar sobre a vida do mesmo.
Christmann se envolveu em atividades de espionagem antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial e as mesmas se misturam com grande parte da história da Europa do século XX, incluindo, também, a Guerra Fria contra a URSS e a Guerra da Argélia (1954-1962). Assim, a vida dele serve para Godard relembrar essa violenta e turbulenta história.
Outro personagem histórico que é citado no filme é o operário alemão Willi Munzenberg, que foi um militante de Esquerda, tendo sido filiado ao SPD (Partido Social Democrata) e ao KPD (Partido Comunista Alemão).
Ele teve uma vida muito intensa, participando de movimentos grevistas e da Insurreição Espartaquista na Alemanha (em janeiro de 1919), foi amigo de Lenin e foi eleito deputado pelo KPD no Parlamento alemão (Reichstag).
Munzenberg também integrou a Internacional Comunista, comandando a propaganda da URSS no exterior durante os anos 1930, defendendo as políticas de formação das Frente Populares antifascistas, que venceram eleições democráticas em três países: França, Espanha e Chile (Salvador Allende foi ministro da Saúde deste governo).
Munzenberg também criou uma organização (Socorro Internacional dos Trabalhadores; IAH), com o objetivo de combater a fome que atingiu a URSS em 1921 (resultado da brutal Guerra Civil de 1918-1920) e que arrecadou muitos recursos mundo afora.
Essa organização cresceu muito e chegou a possuir até mesmo um estúdio de cinema na URSS, que contava com 400 funcionários e produziu filmes de Pudovkin, bem como as primeiras animações e os primeiros filmes sonoros e de ficção científica na URSS.
A IAH também criou uma subsidiária na Alemanha (Prometheus) que produziu o filme 'Kuhle Wampe', com roteiro de Bertolt Brech, bem como vários filmes antinazistas e de defesa das causas dos trabalhadores. Quando Adolf Hitler subiu ao poder, no final de janeiro de 1933, os funcionários da Prometheus fugiram para a URSS, para não serem presos e mortos pelos nazistas.
Embora Munzenberg tenha rompido com as políticas de Stalin, devidos aos expurgos promovidos nos anos 1930, ele continuou sendo antifascista e também participou de campanhas para arrecadar armas e recrutar voluntários para lutar ao lado dos Republicanos na Guerra Civil Espanhola.
Ele foi preso pelo governo francês em 1940 e quanto tentou fugir do campo de concentração em que se encontrava prisioneiro, em Junho do mesmo ano, acabou morrendo em circunstâncias misteriosas (aos 50 anos de idade), pois existem duas versões de sua morte, a de que ele foi assassinado ou a de que cometeu suicídio.
Turistas do 'Costa Concordia' dançam enquanto assistem a um vídeo. |
Em outro momento de 'Filme Socialismo' nós temos uma sequência na qual vemos pessoas assistindo um vídeo de dança e reproduzindo os passos do mesmo. A sequência dura exatos 51 segundos, começando aos 07:27 minutos de filme e terminando aos 08:18 minutos.
Na sequência, depois das pessoas dançando, aparece a imagem do Mediterrâneo, com águas calmas e tranquilas, e vemos chuva sobre o convés do navio e, depois, um narrador diz o seguinte:
"Todo deslocamento sobre uma superfície plana, que não é ditado por uma necessidade física, é uma forma espacial de autoafirmação, seja a construção de um império ou o turismo".
E logo depois vemos tubarões atacando cardumes de peixes e uma mulher falando o seguinte: "Cada um pode agir como se não houvesse Deus. Porém, o que mudou hoje é que os safados são sinceros". E daí vemos belas imagens noturnas do Mar Mediterrâneo.
Esta cena de dança, as reflexões e as imagens do mar estão conectadas e formam uma espécie de pequeno videoclipe dentro do filme. Em vários momentos de 'Filme Socialismo' Godard repete este procedimento.
Estas reflexões, deste pequeno videoclipe, podem ser remetidas às guerras que tivemos no próprio Mar Mediterrâneo e aos Impérios que o dominaram ao longo dos séculos (Romano, Otomano), bem como aos conflitos e guerras atuais.
E se agora o turismo em um navio de cruzeiro de origem europeia (italiano) havia se tornando um empreendimento seguro no Mar Mediterrâneo, então isso aconteceu porque o Ocidente (via OTAN) assumiu o controle do mesmo, tal como os turcos otomanos o fizeram em 1453, após a conquista de Constantinopla (atual Istambul).
Assim, no filme, Godard conecta as principais citações, frases e diálogos com os principais acontecimentos da história da Europa durante os séculos XX e XXI. E o cineasta também mostra a ligação do Cinema com estes acontecimentos. Ele já havia adotado esse procedimento em sua monumental "Histoire (s) du Cinéma".
Exemplos disso é que quando o 'Costa Concordia' chega em Nápoles, nós vemos cenas de um filme italiano ('4 Giornate di Napoli', de 1962), que foi dirigido por Nanni Loy, que mostra o impacto da chega dos soldados Aliados à cidade em outubro de 1943.
Quando o navio atraca em Odessa, vemos cenas de 'Encouraçado Potenkim', que foram filmadas na escadaria da cidade, bem como vemos imagens de um grupo de adolescentes, que ouve explicações de uma mulher, talvez uma professora, e que estão na mesma escadaria, mas em 2010.
Assim, em cada cidade que o 'Costa Concordia' atraca, Godard mostra cenas de filmes e cita acontecimentos históricos importantes que estão relacionados com a história destas cidades.
Em sua trajetória, Godard sempre fez a conexão entre os acontecimentos históricos e o Cinema, como já comentei nesse texto.
Conclusão!
'Filme Socialismo' não é um filme fácil, principalmente para aqueles que pouco conhecem a obra de Godard e que não estão acostumados com os seus filmes, que sempre fogem das estruturas convencionais de narrativa do cinema.
O primeiro segmento foi feito usando a técnica de colagem, com frases e pensamentos sendo feitos de maneira aleatória, não linear, e remete à história da Europa, do Cinema e da Arte dos séculos XX e XXI, em especial, ao mesmo tempo em que reflete criticamente sobre a situação europeia contemporânea.
A segunda parte funciona como se fosse um pequeno documentário, com elementos ficcionais, sobre a vida e as dificuldades de uma família da pequena burguesia francesa, que se vê acossada pela crise e pelo conflito de gerações.
Este é o segmento em que Godard demonstra ter ainda alguma esperança de mudança na situação europeia, o que seria feito pelos jovens, que possuem um espírito mais crítico e contestador, pois os adultos do filme são mostrados como sendo incapazes de fazer algo relevante.
Na terceira parte, Godard retoma os temas e locais do primeiro segmento, mostrando as origens artísticas e históricas do mundo atual.
Em 'Filme Socialismo', Godard convida a quem o assiste a mergulhar em seu universo artístico, histórico, cultural e social, pesquisando e se informando sobre os nomes de personagens e a respeito dos acontecimentos históricos, obras literárias, filosóficas, pictóricas e cinematográficas que aparecem ou são citados no mesmo.
A partir disso, Godard mostra a importância desta atitude para que as pessoas reflitam criticamente sobre o mundo no qual vivemos, para que elas interpretem o que vemos (e não vemos) no filme e se tornem, a seu modo, coautoras do filme.
Informações Adicionais!
Arte antiga, que está na origem da atual civilização europeia e ocidental. |
Título: Film Socialisme (Filme Socialismo);
Diretor: Jean-Luc Godard;
Roteiro: Jean-Luc Godard;
Gênero: Filme Ensaio;
Ano de Produção: 2007-2010; País de Produção: Suíça;
Duração: 102 minutos;
Fotografia: Fabrice Aragno e Paul Grivas;
Elenco:
Segmento 'Des Choses Comme Ça': Jean-Marc Stehlé (Otto Goldberg); Agatha Couture (Alissa); Patti Smith (ela mesma); Lenny Kaye (ele mesmo); Olga Riazanova (Olga; agente secreta russa); Mathias Domahidy (Mathias); Nadège Beausson-Diagne (Constance); Marie-Christine Bergier (Frieda von Solomon); Quentin Grosset (Ludovic); Bernard Maris (ele mesmo); Bob Maloubier (Agente secreto francês; barba, bigode e cabelos brancos); Elias Sanbar (historiador ele mesmo); Alain Badiou (ele mesmo);
Segmento 'Quo Vadis Europa': Christian Sinniger (Jean-Jacques Martin; pai); Catherine Tanvier (Catherine; mãe); Marine Battagia (Florine Martin; filha); Gulliver Hecq (Lucien; filho); Élisabeth Vitali (Jornalista); Eye Haydara (Câmera Woman).
Links:
Informações sobre o filme:
https://www.imdb.com/title/tt1438535/?ref_=ttfc_fc_tt
O naufrágio do Costa Concordia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Naufr%C3%A1gio_do_Costa_Concordia
A criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Abril de 1951):
https://www.dw.com/pt-br/1951-criada-a-comunidade-europeia-do-carv%C3%A3o-e-do-a%C3%A7o/a-500071
Atentados ao Charlie Hebdo - Início do Julgamento:
https://www.dw.com/pt-br/come%C3%A7a-julgamento-de-acusados-pelo-ataque-ao-charlie-hebdo/a-54784286
Atentados ao Charlie Hebdo: Condenação dos envolvidos:
Bernard Maris - 'Dinheiro deveria ser um bem público':
https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/14715880.2016.1213587
Germaine Tillion, da rede de Resistência do 'Museu do Homem':
Alain Badiou - Sobre a situação epidêmica:
https://blogdaboitempo.com.br/2020/04/08/badiou-sobre-a-situacao-epidemica/
Um relógio egípcio da Antiguidade. No filme é dito que ele não marca as horas, mas a aurora do Tempo. |
Godard fala sobre 'Film Socialisme':
https://zintv.org/outil/jean-luc-godard-parle-de-film-socialisme/
'Film Catastrophe' - Documentário de Paul Grivas (sobrinho de Godard) sobre as filmagens de 'Film Socialisme':
https://www.filmcatastrophe.com/film-1
Crítica do filme - por Arnaud Hée:
https://www.critikat.com/actualite-cine/critique/film-socialisme/
Crítica do filme - Gabe Klinger:
http://old.bfi.org.uk/sightandsound/feature/49748
Catherine Tanvier, ex-tenista, comenta sobre sua participação em 'Film Socialisme':
Portal Brasileiro de Cinema - Crítica:
Taxa de Inflação anual na Zona do Euro chega a 10,6%:
Países que adotam o Euro:
https://european-union.europa.eu/institutions-law-budget/euro/countries-using-euro_pt
Russofobia: a história se repete em momentos de crise:
https://www.brasildefato.com.br/2022/03/13/russofobia-a-historia-se-repete-em-momentos-de-crise
Dostoievski vira alvo da russofobia europeia:
Uma jovem mulher, em Barcelona, fotografando. |
Rede do 'Museu do Homem' durante a Resistência:
Willi Munzenberg e a luta contra o Imperialismo e o Colonialismo:
Redes e Bolhas sociais:
https://blogdaboitempo.com.br/2013/01/30/a-mercantilizacao-da-internet-e-das-redes-sociais/
https://sistemadeensinoequipe.com.br/2020/10/sera-que-voce-vive-em-uma-bolha-social/
https://centoevinte.com.br/2018/11/28/bolha-social-no-marketing/
https://www.indexlaw.org/index.php/revistadgnt/article/view/5856
https://www.politize.com.br/por-que-caimos-em-fake-news-2/
A Arte está na origem da civilização europeia e ocidental, mas Godard mostra que ele está sendo, cada vez mais, ignorada pela população, que está voltada para o consumismo e para o entretenimento. |
Trailer do Filme!
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