'One Parallel Movie': Quando Godard foi aos EUA para filmar a Revolução que não aconteceu! - Marcos Doniseti!
Godard, a Revolução nos EUA e a fase 'Dziga Vertov'!
Este filme foi concebido e planejado por Jean-Luc Godard que, no final de Outubro de 1968, se deslocou até os EUA para poder realizá-lo. Porém, segundo D.A. Pennebaker, Godard já havia lhe dito sobre a possibilidade de que poderiam fazer um filme juntos no começo dos anos 1960, quando eles se conheceram na Cinemateca de Paris.
A ideia de Godard era ir até uma cidade e, junto com Pennebaker e Richard Leacock, eles montariam um tipo de um noticiário no local, fazendo tudo de forma improvisada. Mas essa ideia não foi levada adiante naquele momento.
Porém, alguns anos depois, em 1968, Godard apresentou um projeto de fazer um filme com Pennebaker e Leacock e que resultou na produção deste 'One Parallel Movie', que é um filme pouco conhecido, e menos assistido ainda, de Godard.
Apesar disso, entendo que este filme seja um dos melhores e mais interessantes da sua filmografia na fase Maoísta e Revolucionária, quando Godard integrou o 'Grupo Dziga Vertov', período que irá durar de 1968 a 1972, quando o cineasta francês trabalhou intensamente e realizou 13 longas-metragens e documentários.
Assim, apesar da mudança radical que promoveu em sua trajetória como cineasta, Godard continuou trabalhando tão freneticamente quanto na fase anterior. É conhecido o fato de que quando Godard termina um filme ele imediatamente começa a trabalhar no filme seguinte. Até os dias atuais ele trabalha desta maneira.
Portanto, Godard sempre foi um "workaholic', um apaixonado pelo Cinema que nunca parou de filmar, sendo que ainda está na ativa, tendo lançado "Le Livre D'Image" no Festival de Cannes em 2018, quando o filme recebeu uma 'Palma de Ouro Especial'.
Godard ouve o inteligente e articulado Tom Hayden fazer uma excepcional explanação sobre o cenário político e social dos EUA em 1968.
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Nesta época, o grande nome da Nouvelle Vague havia rompido com a sua fase anterior e tinha aderido ao 'Grupo Dziga Vertov', que Godard criou junto com o jovem intelectual maoísta Jean-Pierre Gorin no início de 1968, meses antes das manifestações do 'Maio de 68'.
O 'Grupo Dziga Vertov' era um coletivo que tinha como objetivo produzir filmes com finalidades políticas e revolucionárias, para formação ideológica de jovens e operários revolucionários, que estivessem dispostos a participar de uma Revolução Socialista inspirada no Maoísmo. Os filmes também eram assinados em nome do GDV, rompendo com a ideia de autoria individual.
O 'Grupo Dziga Vertov', cujo nome era baseado no cineasta revolucionário soviético, também tentou criar uma forma independente de se produzir, distribuir e exibir os filmes, sem depender da indústria cinematográfica para realizá-los.
Desta maneira, Godard e Gorin faziam verdadeiras turnês, pelos EUA e Europa, exibindo os filmes em sindicatos, universidades, museus, e debatendo sobre os mesmos com o público.
Então, foi durante esse período ultrapolitizado e bastante radical politicamente que Godard foi para os EUA, pois acreditava que, em função de tudo o que estava acontecendo (Guerra do Vietnã, Direitos Civis, Black Panthers, Movimento Estudantil, Contracultura, Rock Psicodélico, Feminismo) o país estava prestes a passar por uma Revolução.
Godard e a Revolução nos EUA: "1 A. M.'/'One American Movie' (1968)!
Para poder levar esse projeto do 'One American Movie' adiante, nos EUA, Godard contou com a colaboração dos documentaristas D.A. Pennebaker e Richard Leacock, que eram ligados ao movimento de 'Direct Cinema' (Cinema-Verdade) e que tinham fortes ligações com o cenário do Rock e da Contracultura da época.
Pennebaker já havia feito um famoso documentário sobre Bob Dylan e também havia feito outro ótimo filme sobre o Festival de Monterey, que havia sido realizado em Junho de 1967. Foi neste festival que nomes como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Otis Reding e Sam Cooke fizeram apresentações notáveis, que entraram para a história do Rock e da Música Pop.
O filme que Godard planejou deveria se chamar '1 A.M.', ou seja, 'One American Movie' (Um Filme Americano), sendo que ele idealizou o filme como uma forma de participar daquilo que ele pensava ser uma Revolução, que estaria próxima de acontecer nos EUA, e que estaria sendo liderada por membros da chamada 'Nova Esquerda', alguns dos quais ele entrevistou para o filme.
Porém, Godard decidiu voltar para a França quando percebeu que, nos EUA, não iria acontecer a Revolução que ele tanto esperava e desejava. Com isso, a tarefa de terminar o filme ficou com D. A. Pennebaker, pois Richard Leacock também havia abandonado o projeto para poder ir trabalhar no MIT. A finalização do filme foi feita por exigência do canal público de TV 'PBS', sucessor do canal PBL, que financiou o projeto.
Para poder levar esse projeto do 'One American Movie' adiante, nos EUA, Godard contou com a colaboração dos documentaristas D.A. Pennebaker e Richard Leacock, que eram ligados ao movimento de 'Direct Cinema' (Cinema-Verdade) e que tinham fortes ligações com o cenário do Rock e da Contracultura da época.
Pennebaker já havia feito um famoso documentário sobre Bob Dylan e também havia feito outro ótimo filme sobre o Festival de Monterey, que havia sido realizado em Junho de 1967. Foi neste festival que nomes como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Otis Reding e Sam Cooke fizeram apresentações notáveis, que entraram para a história do Rock e da Música Pop.
O filme que Godard planejou deveria se chamar '1 A.M.', ou seja, 'One American Movie' (Um Filme Americano), sendo que ele idealizou o filme como uma forma de participar daquilo que ele pensava ser uma Revolução, que estaria próxima de acontecer nos EUA, e que estaria sendo liderada por membros da chamada 'Nova Esquerda', alguns dos quais ele entrevistou para o filme.
Porém, Godard decidiu voltar para a França quando percebeu que, nos EUA, não iria acontecer a Revolução que ele tanto esperava e desejava. Com isso, a tarefa de terminar o filme ficou com D. A. Pennebaker, pois Richard Leacock também havia abandonado o projeto para poder ir trabalhar no MIT. A finalização do filme foi feita por exigência do canal público de TV 'PBS', sucessor do canal PBL, que financiou o projeto.
Godard fazia questão de deixar claro que se tratava de um filme e, assim, ele mostrava os profissionais que trabalhavam no mesmo. Essa iniciativa deixou Hayden, Pennebaker e Leacock surpresos. |
Godard e o desencanto com a Revolução nos EUA: 'One Parallel Movie' (1971)!
D. A. Pennebaker adicionou algumas imagens e, daí, montou e lançou o filme em 1971, com um novo título, que foi 'One Parallel Movie'.
"One Parallel Movie" é um filme muito interessante não apenas por mostrar o panorama da chamada 'Nova Esquerda' dos EUA, mas também porque mostra como era o método de trabalho de Godard, deixando claro de que maneira ele fazia as filmagens, orientava os atores e os técnicos que trabalharam no filme.
O filme também mostra a postura de Godard que queria deixar claro que aquilo era um filme, mostrando o ato de filmar e as câmeras, iniciativa que deixou Pennebaker e Leacock bastante surpresos, bem como o líder estudantil Tom Hayden, pois eles não estavam habituados com isso.
D. A. Pennebaker adicionou algumas imagens e, daí, montou e lançou o filme em 1971, com um novo título, que foi 'One Parallel Movie'.
"One Parallel Movie" é um filme muito interessante não apenas por mostrar o panorama da chamada 'Nova Esquerda' dos EUA, mas também porque mostra como era o método de trabalho de Godard, deixando claro de que maneira ele fazia as filmagens, orientava os atores e os técnicos que trabalharam no filme.
O filme também mostra a postura de Godard que queria deixar claro que aquilo era um filme, mostrando o ato de filmar e as câmeras, iniciativa que deixou Pennebaker e Leacock bastante surpresos, bem como o líder estudantil Tom Hayden, pois eles não estavam habituados com isso.
Então, o filme também acaba sendo um pequeno documentário sobre a forma de trabalhar de Godard.
No filme nós temos várias entrevistas, como a que Godard fez com o líder estudantil Tom Hayden, que faz uma excelente análise da situação política e social dos EUA em 1968, falando sobre como a classe operária dos EUA era bastante conservadora e direitista, preferindo defender a Ordem e rejeitando os apelos revolucionários da juventude daquela época.
No filme nós temos várias entrevistas, como a que Godard fez com o líder estudantil Tom Hayden, que faz uma excelente análise da situação política e social dos EUA em 1968, falando sobre como a classe operária dos EUA era bastante conservadora e direitista, preferindo defender a Ordem e rejeitando os apelos revolucionários da juventude daquela época.
Essa afirmação de Tom Hayden deixa Godard visivelmente surpreso. Afinal, ele vinha da Europa Ocidental, onde a classe operária sempre teve uma forte tradição de lutas que se identificavam com valores esquerdista.s
Assim, no filme Hayden explica porque os operários dos EUA acabavam apoiando políticos de Direita e bastante retrógrados, como era o caso de George Wallace, mesmo que isso fosse prejudicial aos seus interesses. Isso mesmo: Aqueles que, no Brasil, muitos chamam de 'Pobres de Direita' não são uma invenção nossa. Eles também existem nos EUA e em inúmeros outros países e isso ocorre já há muito tempo.
Na entrevista, Hayden reproduz uma frase que ilustra muito bem esse caráter conservador dos operários dos EUA, que reproduziam uma frase bastante usada por um político direitista da época, Spyro Agnew, que dizia 'Papai paga pela Universidade e Fidel lhes ensina a tática'.
É bom ressaltar que Spyro Agnew foi Vice-Presidente de Nixon e também foi obrigado a renunciar por envolvimento com corrupção e isso ocorreu em Outubro de 1973, antes mesmo do próprio Nixon, que renunciou em Agosto de 1974. Isso mesmo, nenhum dos dois membros da chapa reeleita em 1972 terminou o mandato. Mas que 'bela chapa' que os estadunidenses reelegeram em 1972, hein...
Além das entrevistas, o filme também mostra alguns segmentos ficcionais, onde um ator (Rip Torn) se disfarça de índio e repete um discurso pré-gravado com palavras de ordem de teor revolucionário feito por Tom Hayden.
Na sequência, Torn vai até uma obra, onde se construía um imenso arranha-céu, e fica repetindo, aos gritos, tudo o que ouve no gravador, para que os trabalhadores da obra ouçam, o que mostra a tentativa de Godard de se aproximar da classe operária.
Além das entrevistas, o filme também mostra alguns segmentos ficcionais, onde um ator (Rip Torn) se disfarça de índio e repete um discurso pré-gravado com palavras de ordem de teor revolucionário feito por Tom Hayden.
Na sequência, Torn vai até uma obra, onde se construía um imenso arranha-céu, e fica repetindo, aos gritos, tudo o que ouve no gravador, para que os trabalhadores da obra ouçam, o que mostra a tentativa de Godard de se aproximar da classe operária.
Mas como disse Tom Hayden, a classe operária dos EUA era, majoritariamente, bastante conservadora política e ideologicamente e não queria saber de Revolução alguma, muito pelo contrário. Os operários dos EUA apoiavam a Guerra do Vietnã e, também, a repressão aos movimentos estudantil e dos negros. E é claro que Godard fica muito surpreso ao saber disso.
Godard também entrevista Eldridge Cleaver, que era um dos principais líderes dos 'Black Panthers' (Panteras Negras), cujas ideias o próprio Godard já vinha divulgando em filmes como 'One Plus One'/'Sympathy for the Devil' (1968). Cleaver adota uma postura marcada pela forte hostilidade em relação à imprensa e aos cineastas.
Em um momento muito interessante, Godard pergunta para Cleaver porque os 'Black Panthers' não passam a fazer os seus próprios filmes, que seriam produzidos e divulgados por eles mesmo, para que não fossem manipulados, e Cleaver responde, com franqueza, afirmando que o movimento até poderia fazer isso futuramente, mas que naquele momento eles não estavam interessados em usar câmeras, mas em usar de armas.
No filme nós também temos uma entrevista com uma advogada (Carol Belamy) que trabalha em Wall Street, sendo que ela diz que está convencida de que o Capitalismo possui muitas virtudes e que o mesmo poderá resgatar as pessoas da pobreza e da miséria. Bem, o fato é que atualmente os EUA ainda tem 40 milhões de pessoas que somente conseguem comer porque ganham um cupom do governo e o trocam por alimentos.
Assim, podemos dizer, com certeza, de que a previsão dela não se confirmou. Agora, uma informação interessante, e que mostra que Godard soube escolher muito bem quem ele iria entrevistar para o filme: Carol Bellamy tornou-se diretora executiva da UNICEF, ocupando o cargo por 10 anos, entre 1995 e 2005.
Assim, podemos dizer, com certeza, de que a previsão dela não se confirmou. Agora, uma informação interessante, e que mostra que Godard soube escolher muito bem quem ele iria entrevistar para o filme: Carol Bellamy tornou-se diretora executiva da UNICEF, ocupando o cargo por 10 anos, entre 1995 e 2005.
Carol Bellamy também foi senadora estadual em Nova York (entre janeiro de 1973 e dezembro de 1977) e diretora dos 'Peace Corps' (Outubro de 1993 a Maio de 1995).
E um dos pontos altos do filme é uma apresentação do Jefferson Airplane que foi filmada por Godard no topo de um edifício de um hotel de Nova York ('Schuyler Hotel'), quando o grupo, um dos principais de Rock Psicodélico dos EUA na época, tocou a música 'House At Pooneil Corners' em uma fria manhã do dia 19 de Novembro de 1968.
É claro que a Polícia de Nova York interrompeu o show improvisado do Jefferson Airplane, embora um dos policiais diga que até gosta da música, dizendo que ela é muito boa, mas que aquela apresentação não poderia ser permitida. Assim, a Polícia levou os membros do grupo para a prisão.
Posteriormente, a vocalista Grace Slick ironizou o fato, dizendo que eles haviam feito isso porque pagar um advogado seria mais barato do que pagar um publicitário. Mas é claro que Godard via o seu filme como parte de um projeto revolucionário e não apenas como uma jogada de marketing.
E pouco mais de dois meses depois, no dia 30/01/1969, os Beatles copiaram a ideia de Godard e do Jefferson Airplane e fizeram um show semelhante sobre o topo do edifício da gravadora do grupo (a Apple), em Londres. Foi a última apresentação do grupo, o que mostra que o caráter desta apresentação não era de promover um projeto revolucionário, como no caso de Godard com o Jefferson Airplane, tendo mais o caráter de despedida.
Esta é também uma clara demonstração de que mesmo as ideias mais ousadas e inovadoras do genial cineasta francês, por mais revolucionárias que fossem, acabavam sendo assimiladas e incorporadas pelo que, na época, era chamado de 'Sistema'. Este soube como fazer uso destas inovações em seu próprio proveito, o que deixava claro os limites da chamada Contracultura ou da Revolução Jovem dos anos 1960.
Isso fará com que Godard radicalize cada vez mais o seu projeto de cinema, de tal maneira que tornasse cada vez mais difícil a assimilação de suas ideias inovadoras pelo sistema capitalista.
No filme nós também temos um ator (novamente o Rip Torn) que se apresenta para uma classe de uma escola secundária no Harlem e que tinha quase todos os seus alunos de origem afro-americana (percebe-se também a presença de alguns alunos de origem latino-americana na classe).
Rip Torn entra na classe usando um uniforme de um soldado Confederado, a fim de questionar os alunos se eles sabiam o que era aquilo, com o objetivo de estimular a participação e o espírito crítico dos estudantes.
O 'soldado confederado' interpretado por Torn também questiona aos estudantes a respeito do que eles pensam a respeito da maneira como a imprensa divulga a imagem deles e da escola, levando-os a fazer uma série de observações críticas em relação à postura da mídia, que diz que eles seriam ameaçadores em relação aos jornalistas e com as pessoas que não moram no local.
Assim, 'One Parallel Movie' acaba sendo uma mistura de várias situações muito interessantes, com entrevistas bastante reveladoras, teatro político e música que traça um panorama bastante relevante do que era a chamada 'Nova Esquerda' dos EUA naquele momento histórico.
O filme também é mais leve e tem um tom de ironia que não estava tão presente no trabalho que Godard fazia quando trabalhava com o 'Grupo Dziga Vertov'. Isso talvez tenha acontecido porque foi Pennebaker quem montou e finalizou esse fantástico filme, pois naquela época a postura política e ideológica de Godard era bastante agressiva e radical.
Portanto, entendo que este filme é altamente recomendável, principalmente para todos os que se interessam pela trajetória de Godard e também pelo período histórico que o filme retrata, da ascensão da 'Nova Esquerda' nos EUA, quando emergiram novas lideranças políticas e sociais, bem como uma nova cultura (ou Contracultura) nos EUA.
Inclusive, o crítico de cinema Richard Brody, do 'The New Yorker', classificou "One Parallel Movie" como sendo "um filme exemplar, fascinante e até intermitentemente icônico".
Portanto, entendo que este filme é altamente recomendável, principalmente para todos os que se interessam pela trajetória de Godard e também pelo período histórico que o filme retrata, da ascensão da 'Nova Esquerda' nos EUA, quando emergiram novas lideranças políticas e sociais, bem como uma nova cultura (ou Contracultura) nos EUA.
Inclusive, o crítico de cinema Richard Brody, do 'The New Yorker', classificou "One Parallel Movie" como sendo "um filme exemplar, fascinante e até intermitentemente icônico".
Informações Adicionais!
Título: "One Parallel Movie";
Diretor: Jean-Luc Godard, D.A. Pennebaker e Richard Leacock;
Roteiro: Jean-Luc Godard e D.A. Pennebaker;
País de Produção: EUA;
Ano de Produção: 1968-1971;
Duração: 78 minutos;
Gênero: Documentário;
Elenco: The Jefferson Airplane; Leroi Jones/Amiri Baraka; Carol Bellamy; Eldridge Cleaver; Tom Hayden; Mary Lampson; Tom Luddy; Paula Madder; Grace Slick; Anne Wiazemsky; Jean-Luc Godard; Richard Leacock.
Links:
Depoimento de D. A. Pennebaker:
'One Parallel Movie' na íntegra (sem legendas):
Texto com a história completa do filme:
Apresentação do The Jefferson Airplane no topo do 'Schuyler Hotel':
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