'La Ragazza con la Valigia' (A Moça com a Valise) - Valerio Zurlini e os amores impossíveis! - Marcos Doniseti!
A obra de Valerio Zurlini!
Valério Zurlini foi um brilhante cineasta italiano, cuja carreira se desenvolveu entre os anos 1950 e 1970, e que se tornou um dos grandes mestres do Cinema.
Valério Zurlini foi um brilhante cineasta italiano, cuja carreira se desenvolveu entre os anos 1950 e 1970, e que se tornou um dos grandes mestres do Cinema.
Mas, injustamente, ele nunca desfrutou da popularidade e do prestígio que foi alcançado por outros grandes mestres do cinema italiano, tais como Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Vittorio De Sica ou Luchino Visconti.
Talvez uma das razões para isso é que ele não fez muitos filmes. Em sua carreira, Zurlini realizou apenas oito longas-metragens, embora ele tenha feito onze documentários (que foram produzidos entre 1950 e 1953).
Entre os seus principais filmes temos vários clássicos: 'Verão Violento' (1959); este 'La Ragazza com la Valigia' (1961), 'Dois Destinos' (1962) e 'A Primeira Noite de Tranquilidade' (1972), que é a sua obra-prima.
Apesar da produção reduzida, pois vários projetos que ele iniciou nunca foram concluídos, os poucos filmes que Zurlini fez são excelentes. Infelizmente, esses projetos nunca finalizados, junto com o seu precoce falecimento (em 1982, aos 56 anos), impediu que realizasse outros filmes brilhantes.
E um dos melhores filmes da excepcional obra de Valerio Zurlini é este, 'La Ragazza com la Valigia', uma produção de 1961 que possui elementos autobiográficos, pois a história do filme (o envolvimento romântico entre um jovem inexperiente e uma mulher mais velha) teria acontecido com o próprio Zurlini. E tal como ocorre no filme, o final do romance de Zurlini também não foi feliz.
A trama do filme!
A história do filme começa com uma jovem e bela mulher (Aida Zepponi) que é interpretada pela belíssima Claudia Cardinale. E é claro que o seu nome é uma clara referência à ópera de mesmo nome, de autoria de Giuseppe Verdi, e que é tocada em uma das mais belas cenas do filme.
Ainda é uma belíssima jovem que acabou sendo abandonada por um playboy rico, membro da aristocracia de Parma (Marcello Fainardi), que lhe fez inúmeras promessas, mas que, depois de se aproveitar dela, a deixou falando sozinha, pelo meio do caminho (literalmente), tratando-a como se ela fosse uma otária com a qual ele queria apenas se divertir.
A bela Aida não se conforma com isso e vai atrás de Marcello, que lhe havia fornecido o número de seu telefone, mas lhe passando um nome falso de família (Marchiorri, em vez de Fainardi). Assim, ela descobre onde Marcello mora (o enderenço que ele forneceu era correto), mas nunca consegue encontrar nenhum Marcello Marchiorri.
Mas o comportamento irrequieto do irmão playboy vai gerar uma certa desconfiança por parte de Lorenzo, sendo que o mesmo é gerado pelo fato de que Aida telefona para a residência de Fainardi e vai até o local, procurando por Marcello.
Talvez uma das razões para isso é que ele não fez muitos filmes. Em sua carreira, Zurlini realizou apenas oito longas-metragens, embora ele tenha feito onze documentários (que foram produzidos entre 1950 e 1953).
Entre os seus principais filmes temos vários clássicos: 'Verão Violento' (1959); este 'La Ragazza com la Valigia' (1961), 'Dois Destinos' (1962) e 'A Primeira Noite de Tranquilidade' (1972), que é a sua obra-prima.
Apesar da produção reduzida, pois vários projetos que ele iniciou nunca foram concluídos, os poucos filmes que Zurlini fez são excelentes. Infelizmente, esses projetos nunca finalizados, junto com o seu precoce falecimento (em 1982, aos 56 anos), impediu que realizasse outros filmes brilhantes.
E um dos melhores filmes da excepcional obra de Valerio Zurlini é este, 'La Ragazza com la Valigia', uma produção de 1961 que possui elementos autobiográficos, pois a história do filme (o envolvimento romântico entre um jovem inexperiente e uma mulher mais velha) teria acontecido com o próprio Zurlini. E tal como ocorre no filme, o final do romance de Zurlini também não foi feliz.
A trama do filme!
A história do filme começa com uma jovem e bela mulher (Aida Zepponi) que é interpretada pela belíssima Claudia Cardinale. E é claro que o seu nome é uma clara referência à ópera de mesmo nome, de autoria de Giuseppe Verdi, e que é tocada em uma das mais belas cenas do filme.
Ainda é uma belíssima jovem que acabou sendo abandonada por um playboy rico, membro da aristocracia de Parma (Marcello Fainardi), que lhe fez inúmeras promessas, mas que, depois de se aproveitar dela, a deixou falando sozinha, pelo meio do caminho (literalmente), tratando-a como se ela fosse uma otária com a qual ele queria apenas se divertir.
A bela Aida não se conforma com isso e vai atrás de Marcello, que lhe havia fornecido o número de seu telefone, mas lhe passando um nome falso de família (Marchiorri, em vez de Fainardi). Assim, ela descobre onde Marcello mora (o enderenço que ele forneceu era correto), mas nunca consegue encontrar nenhum Marcello Marchiorri.
Mas o comportamento irrequieto do irmão playboy vai gerar uma certa desconfiança por parte de Lorenzo, sendo que o mesmo é gerado pelo fato de que Aida telefona para a residência de Fainardi e vai até o local, procurando por Marcello.
Assim, este é obrigado a explicar, para Lorenzo, que tal pessoa era uma moça que o procurava e que a mesma não passava de uma 'cretina'. Marcello pede para que Lorenzo diga que não o conhece e que não sabe quem ele é.
Lorenzo aceita agir desta maneira, mas quando vê Aida pela primeira vez ele fica encantado e admirado com a beleza da jovem (afinal ela é a Claudia Cardinale e que estava no auge da beleza e da sensualidade...).
Esta belíssima cena resume, de certa maneira, a história do filme. Em um primeiro momento vemos Lorenzo, encantado com Aida. Depois, ela é mostrada na base da escada que tem em frente à mansão, o que reduz o seu tamanho na tela. Na cena, Aida adota uma postura humilde em relação ao rico e aristocrático Lorenzo.
Enquanto isso, Lorenzo dirige olhares cada vez mais apaixonados para Aida e à medida que a vai convivendo com aquela belíssima jovem essa paixão irá crescer ainda mais, fazendo com que a sua vida vire de cabeça para baixo, passando a girar em torno dela.
Lorenzo fica sabendo que ela era cantora, mas que abandonou o trabalho em função de inúmeras promessas (gravar discos, fazer shows bem remunerados) que seu irmão ('Marchiorri') lhe havia feito e que, agora, estava na pior, pois foi abandonada pelo playboy enganador.
A paixão desmedida de Lorenzo por Aida irá fazer com que ele deixe os estudos em segundo plano, passando ainda a chegar tarde da noite em casa, enfim, ele muda totalmente após conhecê-la. Sua tia, com a qual ele vive (junto com o irmão enganador e playboy) na bela mansão aristocrática, passa a cobrar dele essa mudança de comportamento.
Lorenzo aceita agir desta maneira, mas quando vê Aida pela primeira vez ele fica encantado e admirado com a beleza da jovem (afinal ela é a Claudia Cardinale e que estava no auge da beleza e da sensualidade...).
Esta belíssima cena resume, de certa maneira, a história do filme. Em um primeiro momento vemos Lorenzo, encantado com Aida. Depois, ela é mostrada na base da escada que tem em frente à mansão, o que reduz o seu tamanho na tela. Na cena, Aida adota uma postura humilde em relação ao rico e aristocrático Lorenzo.
No entanto, é Lorenzo quem desce a escada para chegar até Aida, pois o filme irá mostrar que a sua paixão por ela fará com que o jovem apaixonado ignore as diferenças de classe, ou de qualquer outro tipo, que os separam, pois o que ele deseja, acima de tudo, é ter Aida ao seu lado, é poder amar intensamente essa jovem pobre, bela e inculta.
Assim, nesta única cena, Zurlini deixa claro que o jovem Lorenzo irá se apaixonar por Aida (o primeiro olhar dele para ela já é de encantamento), mas também mostra que as diferenças classistas (ele é rico e ela é pobre), culturais (ele estuda Latim) e de idade que os separam (diferenças que são simbolizadas pela escada com inúmeros degraus) são intransponíveis e que isso irá impedir que eles fiquem juntos e possam ser felizes.
Assim, nesta única cena, Zurlini deixa claro que o jovem Lorenzo irá se apaixonar por Aida (o primeiro olhar dele para ela já é de encantamento), mas também mostra que as diferenças classistas (ele é rico e ela é pobre), culturais (ele estuda Latim) e de idade que os separam (diferenças que são simbolizadas pela escada com inúmeros degraus) são intransponíveis e que isso irá impedir que eles fiquem juntos e possam ser felizes.
Embora ele minta para Aida, dizendo que não conhece o tal 'Marchiorri', mesmo depois dela lhe mostrar uma foto de seu irmão, Lorenzo acaba se oferecendo para ajudá-la a encontrar o tal de Marcelo 'Marchiorri', que é o irmão de Lorenzo, sem que ela desconfie disso. Aida fica indignada com o sumiço de 'Marchiorri', dizendo que nunca havia sido enganada por ninguém, o que não é verdade, é claro.
Porém, Lorenzo é simpático com ela e isso faz com que ela entre em contato com ele, telefonando-lhe, o que gera a desconfiança da tia do jovem. Ela quer lhe vender um ferro de passar roupa, pois ficou sem dinheiro algum depois que foi abandonada por 'Marchiorri'. Lorenzo decide lhe oferecer o dinheiro que ela necessita, dizendo que é um 'empréstimo' e que ela somente lhe pagará quando puder.
Porém, Lorenzo é simpático com ela e isso faz com que ela entre em contato com ele, telefonando-lhe, o que gera a desconfiança da tia do jovem. Ela quer lhe vender um ferro de passar roupa, pois ficou sem dinheiro algum depois que foi abandonada por 'Marchiorri'. Lorenzo decide lhe oferecer o dinheiro que ela necessita, dizendo que é um 'empréstimo' e que ela somente lhe pagará quando puder.
Enquanto isso, Lorenzo dirige olhares cada vez mais apaixonados para Aida e à medida que a vai convivendo com aquela belíssima jovem essa paixão irá crescer ainda mais, fazendo com que a sua vida vire de cabeça para baixo, passando a girar em torno dela.
Lorenzo fica sabendo que ela era cantora, mas que abandonou o trabalho em função de inúmeras promessas (gravar discos, fazer shows bem remunerados) que seu irmão ('Marchiorri') lhe havia feito e que, agora, estava na pior, pois foi abandonada pelo playboy enganador.
No entanto, essas cobranças não irão gerar qualquer efeito, pois Lorenzo somente pensa em Aida o tempo inteiro. O pai de Lorenzo não aparece no filme (está viajando) e a sua mãe faleceu há muito tempo, o que explica o fato da sua tia (que não tem nome) ter ido morar com a família.
O filme tem muitas cenas belíssimas: Zurlini era um admirador e profundo conhecedor de pintura e quando se assiste aos seus filmes nota-se claramente essa influência. Várias cenas do filme poderiam, muito bem, ser transformadas em pinturas.
Uma das mais belas cenas do filme (e de toda a obra de Zurlini), e das que eu mais gosto, é quando Aida, após tomar banho na mansão aristocrática da família de Lorenzo, desce a escada, com o roupão de banho e toca no cabelo, enquanto Lorenzo coloca a ópera 'Aida' (de Giuseppe Verdi) no toca-discos.
A letra da ópera fala de uma belíssima mulher, que tem forma divina e que é uma verdadeira rainha, que é exatamente como o jovem Lorenzo enxerga Aida. E é claro que a experiente e vivida Aida percebe claramente o efeito paralisante que provoca em Lorenzo.
O jovem Lorenzo fica literalmente hipnotizado pelo objeto de seu amor, ao qual ele anseia por consumar, embora haja muitos obstáculos por superar: a grande diferença de idade entre eles, as origens sociais diferentes e a formação cultural totalmente distinta.
Aida tem uma história de vida caótica, mas isso também fez com que ela acumulasse uma experiência e uma vivência muito mais rica do que a do jovem Lorenzo. Ela já passou por poucas e boas, enquanto ele ainda tem uma vida inteira pela frente. A inexperiência de Lorenzo fica evidente quando ele hesita em tomar a iniciativa com ela, algo que os homens adultos fazem sem hesitar.
Talvez aqui esteja uma das principais ideias contidas neste belíssimo filme de Zurlini: Enquanto somos jovens e imaturos, com a vida toda pela frente, ainda acreditamos que poderemos viver um grande amor e que seremos felizes. Mas quando atingimos a fase adulta, esse Amor que tínhamos dentro de nós acaba morrendo e nos tornamos falsos, cínicos, mentirosos e hipócritas devido às desilusões acumuladas após tantas tentativas de amar serem frustradas.
Isso fica bastante evidente quando Aida conta para Lorenzo a respeito do seu envolvimento com Piero, que era um homem casado (com três filhos) e com quem ela se envolveu, e com um outro homem que ela namorou (cujo nome ela não diz) e com quem teve um filho. Isso mostra que a vida dela foi uma sucessão de decepções e de frustrações amorosas, pois ela nunca foi verdadeiramente amada pelos homens.
Essas revelações deixam Lorenzo chocado e o mesmo fica muito abalado com o que ouvira da bela Aida. Devido à essas revelações feitas por Aida o jovem e apaixonado Lorenzo toma a iniciativa de contar a respeito do seu envolvimento com a bela e sensual jovem ao Padre com o qual ele tinha aulas todas as semanas. E é claro que o Padre irá tomar a iniciativa de convencer Aida de que ela deveria se afastar de Lorenzo, pois ela era uma mulher 'leviana'.
Na verdade, tudo o que Aida mais deseja é não se tornar uma prostituta, pois ficar sem um lugar para viver e ter que cair na prostituição é justamente o que a deixa mais aterrorizada. E é justamente por isso é que ela se envolve com os homens, na esperança de encontrar um com o qual ela possa ter uma vida normal, construindo uma família, mas os homens com os quais ela se envolveu quiseram apenas se aproveitar dela.
Desta maneira, ela toma a iniciativa de tentar voltar a trabalhar com Piero, a quem ela abandonou para ir embora com Marcello 'Marchiorri' para Parma. Piero a rejeita, mas o seu primo (Romolo) fica fortemente atraído pela belíssima Aida e se oferece para ajudar a mesma a retomar a sua carreira de cantora.
O filme tem muitas cenas belíssimas: Zurlini era um admirador e profundo conhecedor de pintura e quando se assiste aos seus filmes nota-se claramente essa influência. Várias cenas do filme poderiam, muito bem, ser transformadas em pinturas.
Uma das mais belas cenas do filme (e de toda a obra de Zurlini), e das que eu mais gosto, é quando Aida, após tomar banho na mansão aristocrática da família de Lorenzo, desce a escada, com o roupão de banho e toca no cabelo, enquanto Lorenzo coloca a ópera 'Aida' (de Giuseppe Verdi) no toca-discos.
A letra da ópera fala de uma belíssima mulher, que tem forma divina e que é uma verdadeira rainha, que é exatamente como o jovem Lorenzo enxerga Aida. E é claro que a experiente e vivida Aida percebe claramente o efeito paralisante que provoca em Lorenzo.
O jovem Lorenzo fica literalmente hipnotizado pelo objeto de seu amor, ao qual ele anseia por consumar, embora haja muitos obstáculos por superar: a grande diferença de idade entre eles, as origens sociais diferentes e a formação cultural totalmente distinta.
A belíssima Claudia Cardinale interpreta Aida em 'La Ragazza con la Valigia'. Não foi à toa que o jovem Lorenzo se apaixonou perdidamente pela moça. |
Aida percebe, é claro, o que está acontecendo (é impossível não perceber...), mas faz de conta que não nota a crescente paixão de Lorenzo, talvez por temer o envolvimento com um adolescente que mal saiu da puberdade ou, ainda, por não acreditar mais no Amor. A história de vida dela ajuda a explicar essa sua descrença amorosa, devido às frustrações que acumulou.
Mesmo assim, Lorenzo quer conquistar a bela (mas pobre...) Aida de qualquer maneira e acaba por lhe dar presentes (belas roupas) e a instala num hotel chique, na esperança de que o seu amor por Aida ainda poderá vir a ser correspondido.
Mesmo assim, Lorenzo quer conquistar a bela (mas pobre...) Aida de qualquer maneira e acaba por lhe dar presentes (belas roupas) e a instala num hotel chique, na esperança de que o seu amor por Aida ainda poderá vir a ser correspondido.
Aida tem uma história de vida caótica, mas isso também fez com que ela acumulasse uma experiência e uma vivência muito mais rica do que a do jovem Lorenzo. Ela já passou por poucas e boas, enquanto ele ainda tem uma vida inteira pela frente. A inexperiência de Lorenzo fica evidente quando ele hesita em tomar a iniciativa com ela, algo que os homens adultos fazem sem hesitar.
Isso fica claro quando ela conta um resumo de sua vida para Lorenzo, em determinado momento do filme. Mas ela também mostra que está totalmente perdida sobre o que fazer da sua vida. Afinal os homens que se interessam por ela querem apenas se aproveitar dela e, depois, a abandonam. O único que a ama e sem exigir nada em troca é o jovem, apaixonado e inexperiente Lorenzo.
Talvez aqui esteja uma das principais ideias contidas neste belíssimo filme de Zurlini: Enquanto somos jovens e imaturos, com a vida toda pela frente, ainda acreditamos que poderemos viver um grande amor e que seremos felizes. Mas quando atingimos a fase adulta, esse Amor que tínhamos dentro de nós acaba morrendo e nos tornamos falsos, cínicos, mentirosos e hipócritas devido às desilusões acumuladas após tantas tentativas de amar serem frustradas.
Isso fica bastante evidente quando Aida conta para Lorenzo a respeito do seu envolvimento com Piero, que era um homem casado (com três filhos) e com quem ela se envolveu, e com um outro homem que ela namorou (cujo nome ela não diz) e com quem teve um filho. Isso mostra que a vida dela foi uma sucessão de decepções e de frustrações amorosas, pois ela nunca foi verdadeiramente amada pelos homens.
Essas revelações deixam Lorenzo chocado e o mesmo fica muito abalado com o que ouvira da bela Aida. Devido à essas revelações feitas por Aida o jovem e apaixonado Lorenzo toma a iniciativa de contar a respeito do seu envolvimento com a bela e sensual jovem ao Padre com o qual ele tinha aulas todas as semanas. E é claro que o Padre irá tomar a iniciativa de convencer Aida de que ela deveria se afastar de Lorenzo, pois ela era uma mulher 'leviana'.
Na verdade, tudo o que Aida mais deseja é não se tornar uma prostituta, pois ficar sem um lugar para viver e ter que cair na prostituição é justamente o que a deixa mais aterrorizada. E é justamente por isso é que ela se envolve com os homens, na esperança de encontrar um com o qual ela possa ter uma vida normal, construindo uma família, mas os homens com os quais ela se envolveu quiseram apenas se aproveitar dela.
Desta maneira, ela toma a iniciativa de tentar voltar a trabalhar com Piero, a quem ela abandonou para ir embora com Marcello 'Marchiorri' para Parma. Piero a rejeita, mas o seu primo (Romolo) fica fortemente atraído pela belíssima Aida e se oferece para ajudar a mesma a retomar a sua carreira de cantora.
Mas é evidente que Romolo está querendo apenas se aproveitar dela. Depois de tantas mentiras das quais foi vítima, é claro que ela resiste, embora precise muito da ajuda de alguém para poder voltar a cantar e, assim, ter um trabalho e poder pagar as suas contas.
Lorenzo vai até a cidade para a qual Aida viajou a fim de tentar reatar o seu relacionamento com aquela belíssima mulher que o deixou enfeitiçado, literalmente.
Porém, ele a encontra em uma situação bastante complicada, pois está sendo desprezada por Piero ao mesmo tempo em que o primo deste (Romolo) faz de tudo para seduzir aquela belíssima mulher que ele diz possuir um corpo de diva.
Lorenzo consegue, depois de literalmente lutar por ela (brigando com Romolo), ficar junto com Aida, a mulher que ama, à beira da praia, na areia, momento em que eles se abraçam e se beijam apaixonadamente. Mas esta cena foi filmada com os dois sendo mostrados por trás. Logo, percebemos que eles estão se beijando, mas isso não é mostrado.
Mas os inúmeros obstáculos, diferenças e restrições existentes irão impedir que eles possam ficar juntos.
Até porque o ainda jovem, inexperiente e imberbe Lorenzo tem que enfrentar as limitações impostas pela instituição familiar e pela Religião, que possuíam um grande poder na sociedade italiana da época. Afinal, um caso de amor entre uma mulher vivida e experiente e um jovem de 17 anos ainda não era algo aceitável na época (estamos falando de 1961, quando o filme foi realizado).
E isso é perfeitamente compreensível, pois a era da contestação promovida pelo Rock, pela Contra-Cultura e pelo movimento Hippie ainda estavam um pouco distantes. Maio de 68 também ainda estava distante (7 anos...).
E o movimento Beat, que já possuía um caráter fortemente contestatório desde os anos 1950, e que defendia um outro tipo de relação entre as pessoas, ainda era algo que atingia um público restrito (mais intelectualizado e liberal no aspecto comportamental) e que, aparentemente, ainda não havia chegado à Itália.
Talvez se o filme tivesse sido produzido e realizado alguns anos mais tarde é provável que Lorenzo, literalmente, 'mandasse tudo para o inferno' (como diria Roberto Carlos), e falasse para a Tia mandona e o Padre conservador (que quase chega a comparar Aida com uma prostituta) catar coquinho no meio do mato e fosse viver o grande Amor de sua vida ao lado de Aida, aguentando todas as consequências do seu ato. Eles viveriam de bicos, empregos precários, seriam discriminados, mas ficariam juntos por um certo período de tempo e seriam felizes.
É provável, até, que o final da história não fosse feliz... Nunca era, na belíssima, mas com tons melancólicos e tristes, obra de Zurlini.
Porém, Lorenzo viveria aquele que seria, com certeza, o grande e inesquecível Amor de sua vida. Aliás, uma das mais belas cenas do filme é quando Lorenzo, depois de colocá-la no hotel e lhe dar presentes, a vê dançando com outro homem, bem mais velho do que ela, e a música que toca diz 'Nunca mais amará alguém como agora', em uma das mais bonitas cenas deste filme que é repleto de belas cenas.
E o movimento Beat, que já possuía um caráter fortemente contestatório desde os anos 1950, e que defendia um outro tipo de relação entre as pessoas, ainda era algo que atingia um público restrito (mais intelectualizado e liberal no aspecto comportamental) e que, aparentemente, ainda não havia chegado à Itália.
Talvez se o filme tivesse sido produzido e realizado alguns anos mais tarde é provável que Lorenzo, literalmente, 'mandasse tudo para o inferno' (como diria Roberto Carlos), e falasse para a Tia mandona e o Padre conservador (que quase chega a comparar Aida com uma prostituta) catar coquinho no meio do mato e fosse viver o grande Amor de sua vida ao lado de Aida, aguentando todas as consequências do seu ato. Eles viveriam de bicos, empregos precários, seriam discriminados, mas ficariam juntos por um certo período de tempo e seriam felizes.
É provável, até, que o final da história não fosse feliz... Nunca era, na belíssima, mas com tons melancólicos e tristes, obra de Zurlini.
Porém, Lorenzo viveria aquele que seria, com certeza, o grande e inesquecível Amor de sua vida. Aliás, uma das mais belas cenas do filme é quando Lorenzo, depois de colocá-la no hotel e lhe dar presentes, a vê dançando com outro homem, bem mais velho do que ela, e a música que toca diz 'Nunca mais amará alguém como agora', em uma das mais bonitas cenas deste filme que é repleto de belas cenas.
'La Ragazza con la Valigia' é Cinema de alto nível feito por um Mestre e merece ser visto por todo amante sincero da Sétima Arte.
Informações Adicionais!
Título: La Ragazza con la Valigia (A Moça com a Valise);
Diretor: Valerio Zurlini;
Roteiro: Leonardo Benvenuti; Piero De Bernardi; Enrico Medioli; Giuseppe P. Griffi; Valerio Zurlini;
País de Produção: Itália e França; Ano de Produção: 1961;
Duração: 121 minutos; Gênero: Drama; Romance;
Música: Mario Nascimbene;
Fotografia: Tino Santoni;
Roteiro: Leonardo Benvenuti; Piero De Bernardi; Enrico Medioli; Giuseppe P. Griffi; Valerio Zurlini;
País de Produção: Itália e França; Ano de Produção: 1961;
Duração: 121 minutos; Gênero: Drama; Romance;
Música: Mario Nascimbene;
Fotografia: Tino Santoni;
Elenco: Claudia Cardinale (Aida Zepponi); Jacques Perrin (Lorenzo Fainardi); Gian Maria Volonté (Piero Benotti); Romolo Valli (Padre Pietro Introna); Corrado Pani (Marcello Fainardi).
Links:
Valerio Zurlini:
Trecho do filme:
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