'Blade Runner 2049': Filme gnóstico possui uma complexa simbologia e mostra busca espiritual por Deus!

'Blade Runner 2049': Filme gnóstico possui uma complexa simbologia e mostra busca espiritual por Deus! - Marcos Doniseti!
'Blade Runner 2049': Filme dirigido por Denis Villeneuve expandiu os conceitos e a trama da produção de 1982, tratando de novos dilemas envolvendo Humanos e Replicantes, ao mesmo tempo em que dá uma resposta para a pergunta 'O que é um ser humano?'.


"Blade Runner 2049": Um filme Gnóstico!

Nestes últimos dias eu revi o fantástico filme 'Blade Runner 2049' e procurei prestar o máximo de atenção nos detalhes que estão presentes neste belíssimo filme dirigido por Denis Villeneuve, diretor canadense que já havia dirigido a excelente ficção-científica 'Arrival' (A Chegada; 2016). 

Afinal, esse é o tipo de produção que exige muito mais do público do que a imensa maioria dos filmes, pois ele está repleto de referências bíblicas, históricas, mitológicas e religiosas, a respeito das quais irei comentar nesse texto, ao mesmo tempo em que comento os elementos principais da história.

Em 'Blade Runner 2049', Denis Villeneuve e os roteiristas fazem uso de uma vasta e complexa simbologia e mitologia, que remete principalmente às tradições de origem judaica, cristã e egípcia. E o filme possui um claro caráter gnóstico, até porque foi baseado no livro 'Androides sonham com ovelhas elétricas?', do genial escritor Philip K. Dick, que era um Gnóstico. 

E é justamente isso que irei comentar nesse texto. 

Assim, e
m um primeiro momento irei comentar os elementos simbólicos, mitológicos, religiosos e históricos que estão presentes no filme e, depois, irei dizer qual foi a minha conclusão sobre a maneira como eles foram utilizados e com qual objetivo isso foi feito. 

Obs1: A palavra Gnose significa conhecimento e o Gnosticismo, que era praticado por vários grupos cristãos nos primeiros séculos após a crucificação de Cristo, diz que é possível que as pessoas possam vivenciar situações nas quais elas passam por um processo de evolução espiritual, permitindo que tenham acesso a uma conhecimento oculto, que faz parte da essência humana e que se manifesta de maneira intuitiva, levando à salvação do indivíduo. A sua finalidade é a de unir a pessoa a Deus.


A Sabedoria Gnóstica possui quatro pilares: Filosofia, Ciência, Arte e Religião.

K, o 'nome' do protagonista!

O protagonista do filme é chamado de K, pois ele não tem um nome, por ser um Replicante. Assim, K é a primeira letra do seu número de série (KD6-3.7).

No entanto, K também é a primeira letra (em grego) do nome de Cristo (Khristós), palavra que significa Ungido, ou seja, alguém que foi Escolhido por Deus. E vimos que, em grande parte do filme, o Replicante K acredita ser a criança milagrosa (o Escolhido) que foi gerada por Deckard e Rachael e, por isso mesmo, ele irá liderar a luta dos Replicantes para que eles possam se libertar do domínio humano.

A sua amante virtual (Joi) fala para K, em vários momentos, que ele é especial e justamente em função disso é que ela lhe dá um nome (Joe), justificando que se Rachael, que morreu no parto, tivesse tido oportunidade ela teria feito o mesmo. 

E à medida que K avança na investigação, a respeito da criança milagrosa que Deckard e Rachel (dois Replicantes) teriam gerado, ele vai encontrando cada vez mais elementos que o levam a acreditar que ele é o Escolhido, ou seja, o Messias que irá libertar os Replicantes, informações estas que bem poucos tinham conhecimento. 

Portanto, K terá acesso a um conhecimento oculto, sendo que o Gnosticismo diz que esse conhecimento realmente existe e que a pessoa precisa procurar por ele dentro dela mesma, para que possa revelar a centelha divina que existe em seu interior e no de todas as pessoas. 

E a pergunta que Philip K. Dick faz, e que vemos ser formulada nos dois filmes de 'Blade Runner' é a seguinte: Afinal, essa centelha divina também existe no interior dos Replicantes e de outros seres artificiais que são criados pelo próprios seres humanos? 

Assim, a jornada espiritual de K também possui elementos que o aproximam das histórias de Cristo e, como veremos depois, Paulo, José e Abrãao.
Em 'Blade Runner' (1982), Deckard e Rachael se apaixonam e, depois, irão acabar gerando uma filha, uma criança milagrosa (Ana), o que é revelado em 'Blade Runner 2049'.

A Síndrome de Gálatas e a mudança de nome!

Durante a sua investigação sobre a origem do (a) filho (a) de Rachael e Deckard, que seria o (a) Escolhido (a) para liderar a luta pela libertação dos Replicantes, Joe descobre que uma das crianças (a menina), que poderia ser a Escolhida, sofria de uma doença chamada 'Síndrome de Gálatas', que é um distúrbio genético que enfraquece o sistema imunológico e que ela teria morrido em função disso.


Essa é uma referência a 'Epístola de Paulo aos Gálatas', na qual ele diz que Deus enviou o seu Filho para libertar o povo da escravidão, fazendo com que as pessoas se recusassem a servir aos senhores de antigamente. E no filme nós vemos que Joe passa por todo um processo de transformação, que permite que ele se liberte do domínio dos seus antigos senhores.

Esta referência a São Paulo (ou apenas Paulo, para quem não acredita em santos católicos) ocorre em função do fato de que o Replicante K/Joe era um Caçador de Replicantes, um 'Blade Runner', que perseguia e 'aposentava' aos mesmos, pois ele nunca tinha visto um milagre acontecer, tal como lhe disse o Replicante que ele matou (Sapper Morton) no começo do filme. 

E não podemos esquecer que Saulo, quando era um escriba fariseu que trabalhava para o Grande Sinédrio (o principal Tribunal Judaico), também perseguia os cristãos. Saulo fez isso até o momento em que ele passou por uma experiência (uma visão de Cristo, que lhe perguntou porque o perseguia) que o converteu em cristão. 


Obs2: A história do filme se desenvolve durante Junho de 2049. 

Na sequência final de 'Blade Runner' (1982), o Replicante Roy Batty (interpretado pelo fantástico Rutger Hauer) lamenta a sua morte, pois tudo o que viveu e as memórias que possui irão se perder, como lágrimas na chuva. A fala de Roy foi alterada pelo ator, que a modificou sem avisar ao diretor, Ridley Scott, pois aquela que estava no roteiro não combinava com o filme, disse Hauer. Brilhante.

Assim, ele mudou o seu nome para Paulo e passou a defender e a pregar o Evangelho de Jesus, fazendo isso até mesmo entre os gentios, ou seja, entre aqueles que não eram judeus. Logo, existe uma clara semelhança entre as histórias de Saulo/Paulo e a K/Joe. 


Afinal, com o Replicante K acontece a mesma coisa, pois ele também passará por várias situações que irão resultar na sua conversão à causa dos Replicantes, principalmente a partir do momento em que ele descobriu que Rachael e Deckard tinham gerado um filho e que este poderia ser ele mesmo.  


Assim, enquanto Saulo teve uma visão de Cristo (um milagre), K/Joe ficou sabendo do nascimento de uma criança milagrosa que, inclusive, poderia vir a ser ele mesmo. Essas experiências fizeram com que ambos, Saulo/Paulo e K/Joe, mudassem radicalmente, se tornando outras pessoas. É este processo de transformação radical deste último que irá se completar na sequência final no filme.


Inclusive, tal como Saulo, que após a conversão mudou o seu nome para Paulo, o mesmo aconteceu com K, que depois que descobriu o milagre citado por Morton, também mudou o seu nome para Joe, que lhe foi dado por sua amante virtual, a belíssima Joi (interpretada por Ana de Armas).


Assim, enquanto no início do filme ele era chamado de K por todos, no final, quando Deckard pergunta qual era o seu nome, ele respondeu que era Joe. 

O Replicante Sapper Morton é morto por K, dentro de sua casa. A casa de Morton tem a cor amarela na entrada, sendo que um dos significados dessa cor é que ela representa o momento que antecede a morte. No filme, Denis Villeneuve usa as cores para simbolizar os momentos vividos pelos personagens.

A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal!


Quando vai até a fazenda de Sapper Morton (um Replicante da antiga geração, um 'Nexus 8', criado pela Tyrell), para 'aposentar' o mesmo, K/Joe encontra uma caixa de metal enterrada  no subsolo, ao lado de uma árvore, e vai descobrir que a mesma contém os ossos de Rachael. Ele também acaba descobrindo, posteriormente, que ela gerou uma filha. 


Assim, a partir daí ele terá acesso a um conhecimento, que estava oculto e que anteriormente não possuía, dando início ao seu processo de transformação, que reproduz a de um iniciado místico (isso é explicado na 'Conclusão' desse texto). 


E
sta é uma clara referência a chamada 'Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal' que é citada no Gênesis e que, segundo estudiosos, representa o momento em que o ser humano sai de uma situação de inconsciência para uma de consciência. Com isso, os seres humanos puderam começar a escolher qual o caminho que iriam percorrer em suas vidas, pois eles passaram a desfrutar do Livre-Arbítrio.


E é exatamente isso que acontece com K/Joe que, a partir das informações e do conhecimento que passa a acessar depois da descoberta sobre o filho milagroso gerado por Rachael e Deckard, irá refletir sobre o acontecimento e, assim, tomará decisões que mudarão a sua história, fazendo uso, pela primeira vez em sua vida, do Livre-Arbítrio. 


Afinal, K/Joe fazia parte de uma nova geração de Replicantes, criadas por Wallace em 2036, que eram inteiramente obedientes aos seus senhores, os quais também determinavam quanto tempo de vida eles poderiam ter. Inclusive, os Replicantes eram constantemente testados para garantir que continuassem disciplinados e submissos aos seus donos. 

O Replicante K junto à Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, uma das muitas referências bíblicas que temos neste fantástico filme que é 'Blade Runner 2049'. O tom nublado e cinzento da cena representa um momento de transição na trajetória de K, no qual ele ainda não tinha acesso aos conhecimentos que mudariam o rumo de sua existência. Mas este momento se aproximava. 

Deckard seria um Replicante?

Como é do conhecimento de todos que leram o livro de Philip K. Dick e que assistiram ao clássico 'Blade Runner', a fantástica produção de 1982 (dirigida por Ridley Scott), os Replicantes são escravos dos seres humanos, trabalhando para os mesmos nos vários planetas que foram colonizados pela humanidade. E no filme de 1982 o responsável por projetar e construir os Replicantes era o Dr. Tyrell, que dotou os mesmos de características muito próximas daquelas que os seres humanos possuem. 

No curta de animação 'Black Out 2022' (Shinichiro Watanabe; 2017) nós vimos que o Dr. Tyrell aposentou os Replicantes da geração Nexus 6 e criou novos (da geração Nexus 8), mas estes também possuíam características muito semelhantes às da espécie humana e, como novidade, eles poderiam viver tanto quanto os humanos, possuindo um tempo de vida indeterminado.

As semelhanças com os seres humanos eram tantas que os mesmos promoviam frequentes rebeliões, sendo que a principal ocorreu no planeta chamado Calanthia. Esse problema fez com que a produção deles fosse proibida, o que gerou a falência da corporação do Dr. Tyrell.

Obs3: O nome do Dr. Tyrell, criador dos Replicantes em 'Blade Runner' (1982) e que também aparecem em 'Blade Runner 2049', se refere a Ken Tyrrell, brilhante engenheiro que criou e foi dono de uma lendária e vitoriosa equipe de F1.

Wallace diz, em 'Blade Runner 2049', que até mesmo o próprio Deckard poderia ser um Replicante que teria sido projetado para que pudesse se apaixonar por Rachael e que esta também foi projetada já com a capacidade de amar. Além disso, Wallace também diz que Rachael foi criada possuindo a capacidade de procriar, embora ela e o próprio Deckard não soubessem disso, é claro. 

E o objetivo de Wallace é descobrir como é que Tyrell conseguiu fazer isso, motivo pelo qual ele manda Luv e seus mercenários capturar Deckard, pois deseja submeter o mesmo a testes para descobrir o segredo por trás desta criação, bem como saber onde estão os Replicantes revolucionários que ajudaram Deckard a fugir em 2021.  
'Blade Runner 2049' trouxe de volta o cenário Noir futurista da produção de 1982. E o futuro exibido nos dois filmes não é nada otimista, mostrando uma Terra na qual a Natureza foi devastada, as cidades são caóticas e grande parte da população vive em miseráveis periferias, em meio ao lixo. Esta já é a realidade de grande parte do mundo na atualidade que, agora, enfrenta a pior Pandemia desde a 'Gripe Espanhola', de 1918-1920 e que, na época, infectou 500 milhões de pessoas e matou 50 milhões.

Burrhus Frederic Skinner: O Livre-Arbítrio é uma ilusão!

Em 'Blade Runner 2049', Niander Wallace é o proprietário de uma vasta corporação que é responsável por projetar e construir os Replicantes, o que ele começou a fazer, de forma ilegal, em 2036. Para ver como isso começou, assistam ao curta de animação "2036 Nexus Dawn", de 2017, que foi dirigido por Luke Scott, filho de Ridley Scott.  

Obs4: Os três curtas, sendo o primeiro de animação, que precedem ao 'Blade Runner 2049', estão disponíveis no Youtube, em versão legendada. Publiquei os links dos mesmos após a conclusão do texto. Somando os três, temos 27 minutos de produção. 

Wallace
claramente se vê como um 'deus', que cria vida, gerando 'milhões de filhos', aos quais ele chama de anjos, que existem para servi-lo. Porém, um destes filhos irá se rebelar contra ele, que é justamente K/Joe, um Replicante da nova geração que caça os antigos Replicantes, criados pelo Dr. Tyrell, e que trabalha para a Polícia de Los Angeles.

Os novos Replicantes criados por Wallace receberam implantes de memórias e um condicionamento que fazem deles um grupo de escravos disciplinados e obedientes, sem alma, e que não criariam problemas para os seres humanos, como acontecia com os Replicantes criados pelo Dr. Tyrell. 

É bom ressaltar que este condicionamento a que os Replicantes, criados pelo Dr. Wallace, são submetidos é baseado nas ideias de um psicólogo behaviorista chamado Burrhus Frederic Skinner. Ele afirmava que o Livre-Arbítrio é uma ilusão e que as pessoas podem ser condicionadas a repetir sempre o mesmo comportamento. 

Em 'Blade Runner 2049' aqueles indivíduos que não aceitam isso o atacam, o que explica porque na porta do apartamento de K/Joe está escrito 'Fuck Off Skinner'.
O Replicante K/Joe encontra uma flor amarela junto à Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. As flores amarelas tem vários significados, sendo que um deles é que ela representa o início de uma nova etapa na vida. E foi isso mesmo que aconteceu com ele.

Niander Wallace e a história do Dr. Frankenstein!

Todas as descobertas e o conhecimento, a que ele tem acesso durante a investigação que realiza, fará com que K/Joe se rebele contra essa situação de escravidão em que vive e que é marcada por um vazio existencial, pois como eles foram criados, acabam por não possuir uma alma. 

O Replicante K tenta preencher a sua vida vivenciando situações que o leve a sentir emoções, amando, chorando, sofrendo, motivo que faz com que ele se envolva com a sua amante virtual (a belíssima Joi, cujo nome significa médica), que também possui as mesmas ambições. 

Aliás, entendo que o fato do nome Joi significar 'médica' me parece ser claramente intencional, pois ela é vendida pela empresa de Wallace como alguém que poderá curar a pessoa, tirando-a de uma vida triste e solitária.   

Assim, o Replicante K/Joe tenta fazer despertar os seus desejos, vontades, sentimentos, emoções, com o objetivo de superar o condicionamento imposto por Wallace, iniciando uma rebelião interior, que irá se intensificar com o tempo, contra o seu criador, e que irá se manifestar exteriormente, quando der continuidade à investigação sobre a filha milagrosa de Deckard e Rachael e, também, quando se aliar aos Replicantes e a Deckard. 

Esta é uma clara referência à clássica e atemporal história do Dr. Victor Frankenstein (criação de Mary Shelley), médico e cientista que é responsável por projetar e construir uma criatura que termina por se rebelar contra ele, que era o seu criador. Em ambas as histórias fica evidente o medo que os criadores tem de que possam vir a ser substituídos pelas suas criações.

Desta maneira, no final de 'Blade Runner 2049', veremos que Joe passará por um processo de transformação e também de purificação, que é simbolizado pela água, que o levará a participar da luta dos Replicantes contra os seus senhores, os humanos, e ainda irá ajudar Deckard a encontrar a filha desaparecida.

K comprou um 'emanador' para Joi, sua amante virtual, o que permitiu que ela pudesse sair de casa. E quando o fez pela primeira vez ela escolheu sair sob a chuva, para desfrutar de sensações semelhantes às dos humanos. No filme, as mãos são usadas em várias cenas para mostrar a diferença entre as sensações reais e as artificiais.

A Escravidão ao longo da história!

Niander Wallace diz que em toda a história da humanidade nós sempre tivemos uma parcela da população que dominou e explorou a imensa maioria por meio da escravização, o que é mais do que comprovado historicamente.

Assim, na Antiguidade, a escravidão era o principal sistema de trabalho, sendo dominante ou possuindo uma grande importância em todas as grandes civilizações do período: Pérsia, Egito, Grécia, Roma. 

E os países capitalistas da Europa acumularam capital, entre os séculos XV e XIX, principalmente, por meio do Tráfico de Escravos e da exploração do trabalho escravo na África, América, Ásia e Oceania.

Portanto, em "Blade Runner 2049" nós também temos uma visão crítica com relação ao processo de acumulo de riquezas e de aumento das desigualdades sociais no mundo atual, aspecto este que não era tão explícito na clássica e belíssima produção de 1982, juntando-se a outros filmes recentes que também mostraram essa realidade, tais como 'Joker' e 'Parasite', que conquistaram vários Oscars, bem como outros prêmios importantes, em 2019 e em 2020.

Obs5: Existem algumas diferenças entre os Replicantes do primeiro filme ('Blade Runner'; 1982) da geração Nexus 6, criados pelo Dr. Tyrell, e os Replicantes do segundo filme ('Blade Runner 2049', 2017), da geração Nexus 8, criados pelo Dr. Wallace. Assim, os Replicantes do primeiro filme não sabiam que as suas memórias eram implantadas e seu tempo de vida era de apenas 4 anos. Já os Replicantes do segundo filme sabem que as suas memórias foram implantadas e tem um tempo de vida indeterminado. Além disso, existe uma única maneira de identificar os Replicantes da geração Nexus 8, que é por meio de um código que está marcado no olho direito deles e que possível de ser visto quando eles olham para cima e para o lado esquerdo.
As relações sociais entre seres humanos foram destruídas e, nesta sociedade, são oferecidas amantes virtuais para que façam companhia às pessoas e até um Replicante como K tem uma bela amante virtual, sendo que os dois acabam se apaixonando. E se eles podem se apaixonar, isso significa que eles também poderiam vir a possuir uma alma?

Niander Wallace: Um Faraó divino, a Luta de Classes e o Imperialismo!

O personagem Niander Wallace também pode ser comparado com os Faraós do Egito Antigo, pois estes eram vistos pelos egípcios da época como sendo deuses. E como eu já afirmei, o próprio Wallace se vê como um deus, que cria Replicantes, aos quais ele chama de 'Anjos'.

E os Replicantes, que foram criados inicialmente por Tyrell e, depois, por Wallace, são escravos dos seres humanos, da mesma forma que os Hebreus foram escravizados no Egito Antigo. Essa situação também pode ser comparada com outros momentos históricos em que a Escravidão adquiriu uma grande importância (Antiguidade, Período Colonial...).

Wallace também diz que o seu trabalho permitirá que a humanidade possa se expandir cada vez mais pelo Universo, explorando o trabalho escravo dos Replicantes, mostrando o caráter claramente imperialista e classista do seu projeto. 

Assim, as referências à Luta de Classes e ao Imperialismo, que fazem parte da história da humanidade e que ainda caracterizam a realidade do nosso planeta (vide as inúmeras guerras e as crescentes desigualdades sociais no mundo), são bastante evidentes no filme e mostram uma visão bastante negativa sobre a humanidade. 

Obs6: Na primeira cena em que Wallace aparece ele diz o seguinte: "Um anjo nunca deve entrar no Reino dos Céus (Kingdom of Heaven, em inglês) sem um presente". Embora na frase tenhamos uma clara referência aos Replicantes que a sua empresa constrói, aos quais ele chama de 'Anjos' (pois se considera ou pretende ser um deus), a frase também deve ser uma brincadeira interna de Denis Villeneuve e dos roteiristas com o produtor executivo Ridley Scott, diretor do 'Blade Runner' de 1982, que também dirigiu um filme chamado justamente 'Kingdom of Heaven' ('Cruzada'; 2005).

K e a sua chefe na Política de Los Angeles (Tenente Joshi) descobrem que Rachael teve uma filha, o que não deveria acontecer, pois ela era uma Replicante. Joshi manda K esconder a informação e destruir as provas do fato, que poderá gerar uma guerra entre Humanos e Replicantes, provocando o fim da sociedade existente. Note-se a cor metálica, fria, do ambiente no qual Joe trabalha, refletindo a maneira como ele era tratado pelos demais policiais, que eram humanos.

Logo, 'Blade Runner 2049' mostra que a humanidade levará para os outros planetas o mesmo tipo de Estado e de Sociedade autoritários, repressivos, desiguais e inteiramente fracassados que existem na Terra e que resultaram em uma guerra nuclear que devastou o planeta, bem como na criação de uma sociedade marcada pelo egoísmo, solidão e pela brutalidade. 

Tudo isso fica bastante explícito quando o Replicante Joe e a Joi vão até o orfanato a fim de descobrir o que aconteceu com a criança milagrosa que foi gerada por Rachael e Deckard e que desapareceu depois do seu nascimento, que ocorreu em 10/06/2021. 

Assim, eles acabam indo para uma região de Los Angeles que é, literalmente, um grande lixão e no qual ainda vivem muitas pessoas, que recebem com hostilidade aos estranhos que aparecem por ali, o que pode ser comparado com as favelas e as regiões empobrecidas de muitas das grandes metrópoles contemporâneas que são dominadas pelo crime organizado.

Tal mudança representa, claramente, uma atualização da história de 'Blade Runner 2049' em relação ao clássico filme de 1982.

Obs7: No filme nós tivemos uma pequena participação de Gaff, o policial interpretado por Edward James Olmos, e que continua fazendo origamis, mas que agora vive em um asilo. Ele foi interrogado por Joe, que tentou obter informações a respeito de onde Deckard estaria escondido. 
'Blade Runner 2049' mantém o tom de filme existencialista da produção de 1982. E este segundo filme procurou responder a questão sobre o que é um ser humano, que está presente em toda a obra de Philip K. Dick, em cujo livro os dois filmes se basearam, que já apresenta esse questionamento no título do mesmo, que é 'Androides sonham com ovelhas elétricas?'. Afinal, androides sonham, tem memórias, podem ser considerados humanos e chegar a ter uma alma?

Joe e Rachael: Referências bíblicas! 

O nome Joe, que é dado para K pela Joi (sua amante virtual), é o diminutivo de Joseph, ou seja, José, nome do hebreu (filho de Jacó e neto de Abraão) que interpretou os sonhos do Faraó. E José também é o nome do pai terreno de Jesus. 

O Velho Testamento diz que Raquel, uma mulher idosa e estéril, clamou a Deus, que atendeu aos seus pedidos e, assim, permitiu que ela gerasse dois filhos, sendo que o primogênito se chamava justamente José (Joseph/Joe), enquanto que o seu irmão se chamava Benjamin.

Em 'Blade Runner' (1982), Rachel é uma Replicante que, como tal, em teoria, não poderia ter filhos, e que, mesmo assim, termina por conceber uma criança milagrosa que iria liderar a luta dos Replicantes por sua libertação do domínio humano. 

Em 'Blade Runner 2049' vimos que, de fato, Rachael e Deckard já haviam sido criados pelo Dr. Tyrell com a capacidade de gerar descendentes, o que foi uma outra novidade que temos nesta produção em comparação com o clássico filme de 1982.

Obs8: O teste que era realizado na produção de 1982, chamado de Voight-Kampff, para descobrir quem era Replicante continua sendo feito. Porém, agora ele é realizado por uma máquina, que fica falando uma série de frases e que a partir das respostas dos Replicantes determina se os mesmos estão em condições de continuar trabalhando normalmente ou não. O objetivo do teste, agora, é descobrir se o Replicante não está fugindo do padrão de comportamento que lhe foi imposto.
A cor amarela, que está ligada à morte, está presente nesta sequência em que os Replicantes K e Luv conversam sobre o que teria acontecido com Rachael quase 30 anos antes. O final do filme explica a razão da presença dessa cor neste momento. Outros destaques do filme são a fotografia espetacular e a ótima trilha sonora.

K/Joe, a alma e as abelhas!

Quando Joe chega em Las Vegas, que é uma cidade abandonada e totalmente dominada pela radiação, ele encontra uma colmeia e a sua mão é envolta por abelhas. No Egito Antigo, a abelha era o símbolo da Realeza e também simbolizava a alma, que é exatamente o que os Replicantes da nova geração (Nexus 8) desejam possuir. 

Assim, se os Replicantes da geração Nexus 6, que foram criados pelo Dr. Tyrell em 'Blade Runner' (1982) queriam ser humanos, os Nexus 8 e estes que foram criados por Wallace em 'Blade Runner 2049' desejam, também, possuir uma alma. 

Desta maneira, Até mesmo a Joi, amante virtual de Joe, lhe diz, em vários momentos, que o ama e chega a ficar sincronizada com uma prostituta (Mariette) para que possa ter uma relação sexual com K/Joe. Inclusive, quando Joe compra um 'emanador', que permitirá que ela possa sair da casa, a primeira coisa que ela faz é tomar uma forte chuva, pois a sua principal ambição era desfrutar das mesmas sensações dos seres humanos. 

Na vasta e genial obra de Philip K. Dick uma das perguntas fundamentais que ele procurou formular sempre foi 'O que é um ser humano?'. A outra questão, também fundamental em sua obra, era sobre a natureza da realidade. E nos dois filmes 'Blade Runner' estas perguntas são formuladas, embora a questão relacionada ao que seja a realidade fique em segundo plano. 

E de certa maneira, os dois filmes respondem sobre o que é um ser humano, sendo que a resposta dada não está ligada à questão biológica, de como ele é concebido, mas está relacionada com as experiências, com as situações enfrentadas pelos seres, humanos e replicantes, e que possuem sentimentos e guardam as memórias destes acontecimentos.  

E também é importante ressaltar que a abelha também simboliza a organização, o trabalho e a disciplina. E vemos que no filme o Replicante K/Joe possui todas essas virtudes, sendo um policial obediente e organizado que trabalha de forma disciplinada, mesmo que isso implique em eliminar outros Replicantes. 

Logo, K matava os Replicantes até o momento em que um milagre fez com que ele começasse a mudar radicalmente, mas essas virtudes permaneceram com ele. 
K olha para cima, para o Céu, o que ocorre em vários momentos do filme, como se estivesse perguntando se ele também poderia vir a possuir uma alma e implorasse a Deus que lhe desse uma.

Las Vegas, o Egito Antigo, Babilônia e Sodoma e Gomorra!

Em Las Vegas, quando K/Joe entra na cidade nós vemos uma construção em forma de pirâmide, o que é uma outra alusão que temos no filme ao Egito Antigo e à Antiguidade. Aliás, a atual cidade de Las Vegas é vista por muitos como uma cidade pecaminosa, onde temos jogo, prostituição, crimes, corrupção... Logo, ela seria uma espécie de Babilônia contemporânea.

E quando foram conquistados por Nabucodonosor, em 598 a.C, os Hebreus foram levados, como escravos, justamente para o chamado 'Cativeiro da Babilônia'. E em 'Blade Runner 2049', Deckard se refugia justamente nesta espécie de Babilônia contemporânea, que é Las Vegas, onde também fica preso. 

E foi justamente quando estavam na Babilônia que os Hebreus entraram em contato com a mitologia local, de origem sumeriana, e com base nela é que escreveram os primeiros livros do Velho Testamento, que falam da criação, por Deus, dos Céus e da Terra, da criação do ser humano, do Dilúvio, entre outros eventos. Portanto, foi a partir daí que eles criaram uma narrativa que explica o surgimento de seu povo. 

E no caso de 'Blade Runner 2049', o Replicante K/Joe vai até Las Vegas justamente para conhecer qual é a história de Deckard e Raquel, bem como da criança milagrosa que eles conceberam (Ana), que deverá liderar a futura luta dos Replicantes por sua libertação. Ele deseja saber como foi que tudo começou e quer descobrir quem é a criança milagrosa, a qual ele pensa ser ele mesmo. 
O cavalo, no qual temos a data de nascimento da filha de Rachael e Deckard (10/06/2021), simboliza o transporte, ou o guia, que conduz a alma das pessoas rumo ao mundo espiritual, que é exatamente o que ocorre com Joe no filme. Assim, mesmo sem ser o 'Escolhido', ele é quem irá percorrer todo o caminho necessário para poder vir a possuir uma alma e, assim, ter como se unir a Deus, que é o seu objetivo.

Desta maneira, tanto a presença dos Hebreus no chamado 'Cativeiro da Babilônia' (durante o século VI a.C.), como a visita de Joe ao que podemos chamar de 'Cativeiro de Deckard' (que está literalmente preso naquele lugar) dão origem a uma nova história, que é a de um novo povo (Hebreus e Replicantes, respectivamente). 

E tal como os Hebreus foram libertados do 'Cativeiro da Babilônia' por um Imperador da Pérsia (Ciro), que conquistou a região, ou seja, por uma força externa, Deckard somente saiu da Las Vegas babilônica quando foi capturado por Luv, que obedece às ordens de Wallace, que deseja usar Deckard como objeto de estudo, para tentar entender, afinal, como é que ele e Raquel puderam gerar uma criança mesmo sendo Replicantes.

Além disso, o Velho Testamento diz que as antigas cidades de Sodoma e Gomorra teriam sido destruídas por Deus devido aos crimes e pecados dos seus moradores. Existem até mesmo pessoas que dizem que as cidades teriam sido destruídas por armas nucleares, mas arqueólogos afirmam que a destruição foi provocada por um meteorito que atingiu a região. 

E algumas décadas depois, a história da destruição das duas cidades foi transcrita no Velho Testamento como se o acontecimento representasse algum tipo de castigo divino, o que era comum na Antiguidade, quando tudo o que acontecia com os seres humanos era atribuído à vontade de Deus ou dos Deuses e a concepção de que as pessoas desfrutassem de algum tipo de Livre-Arbítrio não existia. 

E no caso de 'Blade Runner 2049' nós vemos que Las Vegas está imersa em uma nuvem radioativa, que é fruto da guerra nuclear que ocorreu há algumas décadas. A diferença é que, no filme, esse acontecimento não é colocado na 'conta dos Deuses', mas na da própria humanidade. Mas a analogia existe. 
Nos primeiros séculos do Cristianismo, quando os cristãos ainda eram perseguidos e martirizados, o peixe era um símbolo que permitia que eles se comunicasse e se reconhecessem. E na mesa desse explorador do trabalho escravo de crianças nós vemos um símbolo semelhante a um peixe (no caso são três).

Ana Stelline, a Grécia Antiga e o Oráculo!

Durante o andamento da sua investigação, K/Joe descobre que a jovem Ana Stelline é que seria a Escolhida, a criança milagrosa gerada por Raquel e Deckard. Logo, ela é que estaria destinada a liderar a luta dos Replicantes contra o domínio humano. 

Porém, ela tem um sistema imunológico frágil e, em função disso, vive isolada, sem poder sair, pois até mesmo o ar é fatal para ela. Aliás, esta situação já é suficiente para enterrar a ideia de que ela seria a líder de uma eventual guerra promovida pelos Replicantes contra os seres humanos.

No entanto, ela pode desempenhar um outro papel nesta luta, que também é importante. Afinal, Ana possui acesso a conhecimentos que não estão ao alcance das pessoas, e tampouco dos Replicantes, tendo a capacidade de interpretar as memórias delas, possuindo o poder de diferenciar as memórias que são falsas daquelas que são verdadeiras. 

Logo, novamente vemos no filme a ideia de que existe um conhecimento oculto, secreto, ao qual poucas pessoas tem acesso, o que é uma das características principais do Gnosticismo. 

Portanto, no filme, a personagem de Ana também pode ser comparada com a de uma figura da Mitologia Grega, pois ela representa a figura do Oráculo que, na Grécia Antiga, servia de intermediário entre os gregos e os deuses, mostrando as respostas destes para as inúmeras questões feitas pelas pessoas.
Joe visita Ana para descobrir se ele é, mesmo, o filho de Deckard e Rachael. Ana é a Escolhida, a filha do casal de Replicantes, e possui a capacidade de saber diferenciar as memórias verdadeiras daquelas que são falsas. Mas não será ela que irá trilhar a jornada espiritual rumo à iluminação e à libertação. Talvez seja por isso mesmo que ela chore neste momento.

O Black Out de 2022 e o Dilúvio!

Uma outra referência bíblica que temos no filme ocorre quando ficamos sabendo que, em 2022, ocorreu um gigantesco Black Out (que foi mostrado em um curta-metragem de animação que foi lançado em 2017, 'Black Out 2022') que apagou todas as informações e registros que se encontravam em qualquer equipamento digital (computadores...). Esse blecaute durou 15 dias e foi provocado pelos próprios Replicantes, que dispararam um pulso eletromagnético extremamente forte. 

Com isso, perderam-se os dados relacionados aos Replicantes sobreviventes da geração Nexus 8 que foram criados pelo Dr. Tyrell, permitindo que eles continuassem a viver por muito mais tempo, tanto na Terra, como nos outros planetas que foram colonizados pelos seres humanos, pois ninguém mais sabia onde é que eles se encontravam.

E o mesmo aconteceu com a humanidade quando ocorreu o Dilúvio, fazendo com que a história humana tivesse um recomeço, pois o conhecimento humano acumulado até aquele momento também foi perdido. Portanto, também é possível traçar um paralelo entre o Dilúvio bíblico e o 'Black Out de 2022' que é citado em 'Blade Runner 2049'. 

Como se percebe, a história de 'Blade Runner 2049' está repleta de referências e citações que se conectam a inúmeros momentos relevantes da história, sendo uma espécie de resumo da mesma, o que é feito por meio de inúmeras analogias com momentos importantes, verdadeiros ou lendários, da história da humanidade.
Uma estrutura em forma de pirâmide em uma Las Vegas mergulhada na radiação é mais uma das inúmeras referências e símbolos antigos que temos em 'Blade Runner 2049'.

A transformação de K/Joe e as Provas dos 4 Elementos: A terra, o fogo, a água e o ar!

No filme nós também temos, em diferentes momentos e situações, a presença dos 4 elementos (terra, fogo, água e o ar) que estão ligados à iniciação do místico. 

Cada um destes elementos está relacionado à várias provas a que os iniciados são submetidos e que testam os seres humanos, a fim de saber se eles tem condições de evoluir espiritualmente. 

As provas, tais como os elementos, são quatro:

1) A prova do Fogo: Testa a serenidade e a paciência do indivíduo. 

Nesta prova o Joe foi aprovado, pois mesmos quando a sua chefe (Tenente Joshi) lhe disse que era bom que ele não tivesse uma alma, sua reação foi de grande autocontrole, embora claramente não tivesse gostado nenhum pouco de ter ouvido aquele. 

Mesmo assim, ele reagiu de forma serena e tranquila. Em outro momento, quando um dos funcionários da Polícia o chamou de 'pele falsa' ele também reagiu de maneira calma e serena. 

2) A prova do Ar: Ela testa a capacidade das pessoas de não se desesperarem em situações de grande sofrimento. 

Quando a sua amante virtual (Joi) 'morreu', tendo sido desligada por Luv, na sequência final do filme, Joe demonstrou claramente o seu sofrimento com o fato, mas não se desesperou, permitindo que ele superasse mais esta prova.  
Joe chega a uma Las Vegas devastada, devido a uma guerra nuclear que ocorreu em 2022, representando o colapso e destruição da civilização na Terra. Ele foi para a cidade procurar por Deckard, que estava escondido ali há muitos anos. Porém, embora tenha ido sozinho, ele não percebeu que foi seguido por Luv e pelos mercenários que trabalham para Wallace. 

3) A prova da Água: Testa a capacidade do indivíduo de se adaptar a situações novas ou inesperadas.

Joe se saiu muito bem nesta prova, como ficou claro quando tomou conhecimento de que ele não era o Escolhido, não era o filho milagroso de Rachael e Deckard, como pensava até aquele momento. Sua decepção com a descoberta é mais do que evidente, que foi frustrante e inesperada para ele, mas Joe soube como reagir nesta nova situação. Ele se adaptou à nova situação e continuou a sua luta em defesa dos Replicantes, bem como deu sequência à sua jornada espiritual. 

4) A prova da Terra: Testa a capacidade do indivíduo para saber se ele consegue agir sob pressão e se está preparado para aceitar as adversidades da vida. 

Em vários momentos do filme, K/Joe esteve em situações de pressão e soube se sair muito bem delas, tal como aconteceu quando ele recebeu a ordem, dada por Freysa (que foi quem salvou a vida de Ana, levando-a embora após a morte de Rachael e a fuga de Deckard), de matar Deckard.

Obs9: Em dois momentos do filme nós tivemos uma conexão direta com a produção de 1982. A primeira vez ocorre quando K/Joe vai até a empresa de Wallace obter informações sobre Rachael e obtém a colaboração de Luv. Daí, nós ouvimos Deckard interrogar Rachael, em 2019, com o objetivo de descobrir se ela era uma Replicante, o que foi confirmado. E a segunda vez ocorre quando Deckard era prisioneiro de Wallace e este faz com que o mesmo ouça a conversa que teve com Rachael quando a conheceu. 
A Replicante Freysa fala para Joe que ele não é o Escolhido, o líder que irá liderar a rebelião dos Replicantes, deixando-o triste e frustrado, daí o tom escuro que predomina na sequência. Neste momento, porém, ele não está sozinho e a luz ainda ilumina o ambiente, o que é uma maneira de mostrar que ele irá superar essa situação e continuará a sua jornada.

Aliás, a perseguição aos três (Deckard, Rachael e a criança Ana) e a fuga dos dois sobreviventes (Rachael morreu no parto) é outra referência bíblica, pois se trata de uma analogia com a situação vivida por José, Maria e Jesus, após a ordem dada por Herodes de mandar matar os primogênitos. Assim, eles fugiram para o Egito, onde ficaram até que pudessem retornar em segurança para a Palestina. 

Deckard ficou muitos anos foragido e escondido, sozinho, em uma Las Vegas radioativa, graças à ajuda de Freysa e de outros Replicantes que estao formando um Exército para conquistar a sua liberdade. Enquanto isso, Ana foi levada para um orfanato e, depois, desapareceu. 

Freysa entendia que matar Deckard era a única maneira de impedir que Wallace ficasse sabendo onde eles, os Replicantes rebeldes, estavam escondidos, pois ele poderia ser torturado para passar essa informação, tal como Wallace falou que o faria. 

Também pode-se supor que Deckard, como é um Replicante, poderia ser utilizado como uma cobaia de testes, que seriam feitos nele para descobrir o segredo do Dr. Tyrell, adquirindo o conhecimento de como é que este havia conseguido dar aos Replicantes a capacidade de procriação. 

Tudo isso inviabilizaria a rebelião dos Replicantes para conquistar a sua liberdade. 

No entanto, Joe não obedeceu à ordem de Freysa e soube superar esta situação, libertando Deckard, que estava na condição de prisioneiro de Wallace. Logo, Joe conseguiu salvar a vida de Deckard e, assim, também permitiu que este conhecesse a sua filha (Ana). 

Portanto, quando analisamos a evolução do comportamento de K/Joe no filme, em todos os momentos e situações, nós poderemos constatar que ele foi submetido a todas estas provas e que foi aprovado em todas, demonstrando que tinha totais condições de evoluir espiritualmente.
Jared Leto interpreta Wallace, que comprou a falida Tyrell e criou novos Replicantes, que são obedientes e disciplinados. Ele tenta convencer Deckard a lhe dizer onde os Replicantes foragidos estão escondidos e também deseja saber qual é o segredo de Tyrell, sobre como é possível que Replicantes possam procriar. A mistura das cores negra e amarela na cena se dá porque Wallace é um líder ganancioso, um assassino impiedoso, desprovido de escrúpulos.

A luta na água e a sua simbologia!

A luta, que ocorre na parte final do filme, entre Joe e Luv (a Replicante que trabalha para Wallace) ocorre em uma praia, em meio a água. Depois de ser considerado derrotado por Luv, ele volta e mata a Replicante. 


A água simboliza a origem da vida, a fecundidade, a transformação, a purificação, a força, a limpeza, o que ajuda a explicar a mudança pela qual K/Joe passa durante toda a sua investigação. Neste momento da luta contra Luv, o Replicante K está sendo submetido ao teste final, para saber se ele poderá continuar a sua busca espiritual ou não. 

Assim, quando consegue derrotar Luv e decide prosseguir pelo caminho escolhido, isso significa que ele já completou o seu processo de transformação e está pronto para o ato final, que é o de se sacrificar para salvar os Replicantes e, desta maneira, morrer e poder ir ao encontro de Deus, unindo-se ao mesmo.

K/Joe se tornou a criança milagrosa!

A missão que Joe recebeu de Freysa era a de matar Deckard, para que a filha deste e de Raquel (Ana) pudesse liberar a rebelião dos Replicantes contra os seres humanos.

Porém, depois que eliminou a Replicante mercenária Luv, em meio a luta na água, K/Joe tomou uma decisão diferente, preservando a vida de Deckard e levando-o para conhecer a filha (Ana).

Assim, K/Joe mostrou que havia conseguido se libertar da condição de ser um Replicante obediente (escravo) e que se limitava a acatar as ordens que recebia dos seus senhores, fossem as de sua antiga chefe na Polícia de Los Angeles (Tenente Joshi), fossem as ordens da Replicante Freysa.
A Rachael do filme de 1982 foi recriada para 'Blade Runner 2049'. Mas a memória de Deckard é muito boa e, mesmo depois de quase 30 anos, ele lembrou que os olhos dela eram verdes.

Isso acontece porque ele se transformou (daí a luta com Luv acontecer na água, símbolo de transformação e de purificação) e conseguiu se libertar da condição de ser apenas um Replicante obediente, ou seja, um mero escravo, conquistando o direito ao Livre-Arbítrio, sendo que tudo começou quando ele teve acesso à Àrvore do Conhecimento do Bem e do Mal, logo depois de matar Morton.

Assim, Joe conquistou a liberdade, o que fica claro quando ele toma a decisão de levar Deckard para conhecer a filha, sendo que a ordem que ele havia recebido era a de matar o Replicante. E a partir deste momento, K/Joe já não acata as ordens dos seus antigos senhores, nem de mais ninguém, seja a sua chefe na Polícia (Tenente Joshi), seja as de Wallace, o seu criador, contra os quais se rebelou.

Desta maneira, ao conquistar a liberdade, ele já está pronto para morrer, tornando-se um tipo de Mártir e cujo exemplo poderá vir a ser seguido pelos demais Replicantes, que também deixarão de obedecer aos seus senhores, cumprindo as palavras de São Paulo na 'Epístola aos Gálatas', que diz o seguinte:

"7 Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo. 8 Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. 9 Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?".

Logo, K/Joe se tornou a criança milagrosa, não porque estivesse destinado para isso (a Escolhida para desempenhar esse papel era Ana), mas porque ele se libertou, pois não é mais um servo. Ele superou a condição de mero escravo e desenvolveu a capacidade de tomar as suas próprias decisões, passando a desfrutar de um Livre-Arbítrio que antes inexistia e tendo acesso a um conhecimento que antes lhe era oculto.

Como é dito em João 8, 32: E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.
Joi é um ser artificial criado pela empresa de Wallace e diz para Joe que ele é uma boa pessoa, como que estimulando o mesmo a continuar a sua jornada, para não desistir de atingir o seu objetivo. A belíssima fotografia é um dos pontos altos de 'Blade Runner 2049', que contou com o gênio de Roger Deakins, que ganhou o seu primeiro Oscar de Melhor Fotografia em 2018 com este belo flme. Ele voltou a vencer em 2020, por seu trabalho em '1917'.

E com tudo isso, K/Joe se tornou humano e passou a possuir uma alma, libertando-se dos grilhões que o acorrentavam à condição de um Replicante escravo. Mas o mesmo não pode ser dito de Ana. Embora ela seja filha de Rachael/Deckard, a sua saúde frágil a impede de viver no mundo real. 

A diferença entre os dois fica claro quando Joe sente a neve cair sobre si, pouco antes de morrer, enquanto que Ana somente pode sentir o mesmo de forma artificial, pois a neve que cai sobre ela é falsa. Portanto, ele é que se torna humano e passa a ter uma alma, pois vivencia experiências reais e forma suas próprias memórias com base nelas. Suas memórias não são mais implantadas. 

E não era justamente isso, se tornar humano, que os Replicantes da produção de 1982 desejavam, tal como o Roy deixa claro no final (personagem do grande Rutger Hauer, falecido recentemente)? Além disso, Joe também passou a possuir uma alma (lembram-se das abelhas, que simbolizam a alma?) e, assim, desenvolveu a capacidade de, até mesmo, poder vir a conhecer Deus, tal como diz Paulo em sua 'Epístola aos Gálatas'.

Assim, em 'Blade Runner 2049', Joe completou a jornada que irá inspirar a luta dos Replicantes pela libertação, que começou em 'Blade Runner' (1982). Ele é o Mártir, que servirá de modelo e de exemplo para os demais Replicantes. Ele se transformou em uma espécie de Patriarca, mostrando o caminho que estes devem percorrer para conquistar a liberdade, tornando-se uma espécie de 'Abraão dos Replicantes'. 

Desta forma, por meio do seu sacrifício, Joe estabelece um Pacto com Deus e que será renovado e aplicado aos demais Replicantes que, assim, poderão se libertar definitivamente do domínio dos seres humanos. 

E se um dia tivermos a produção de um terceiro filme 'Blade Runner', é provável que o mesmo iria tratar do conflito final entre Replicantes e os Seres Humanos, pois toda a história e o final de 'Blade Runner 2049' funcionam como um 'gancho' absolutamente perfeito para que isso possa vir a acontecer.

Joe luta contra Luv, em meio a muita água, símbolo de transformação e purificação. Neste momento, a sua luta é solitária, em meio à escuridão, mas ele precisa superar esta situação para atingir o seu objetivo e cumprir integralmente a sua jornada espiritual.

Conclusão: K/Joe - O caminho espiritual do iniciado na busca por Deus! 

No filme 'Blade Runner 2049', o personagem K/Joe percorre todo o caminho espiritual do iniciado místico, em busca de uma perfeita união com Deus. 

Segundo estudiosos, esse caminho passa por cinco etapas, que são: 

1) Despertar: É o momento em que ocorre o despertar da consciência para a realidade da Realidade Divina. Ela pode ocorrer de forma abrupta ou gradualmente, que é o que acontece com K que vai, aos poucos, despertando para o fato de que ele poderá, sim, ter uma alma (ao contrário do que lhe disse a Tenente Joshi, sua chefe);

2) Purgação: Etapa de sofrimento, em que ocorre a purificação do indivíduo, que procura eliminar tudo o que atrapalha ou impede a sua busca por uma união com Deus;

3) Iluminação: Etapa em que ocorre a união com Deus, em que a pessoa desfruta de intensa felicidade e penetra em uma nova dimensão, libertando-se das coisas do mundo;

4) A Noite Escura da Alma: Etapa em que o indivíduo se livra do sentimento de ser um eu separado, cortando os laços com a sua anterior consciência egoísta;

5) A União: Etapa em que a pessoa se une inteiramente a Deus, mas não mais como um mero observador ou participante. Essa é a meta final do indivíduo em sua busca espiritual, atingindo a mesma em estado de profunda contemplação, na qual desfruta da plenitude da Vida e do Ser. 

Obs10: Essas informações, sobre as cinco etapas do iniciado místico, foram retiradas do texto "Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã" (ver link abaixo).
Joe entrega o cavalo de madeira para Deckard. O cavalo o acompanhou desde o início da sua investigação, que lhe permitiu acessar conhecimentos ocultos, que estavam dentro dele mesmo, e a cuja existência ele desconhecia. O cavalo representa a sua jornada ao mundo espiritual. Ele o entregou para Deckard pois sabe que já completou a sua jornada e agora ele poderá morrer em paz.

Se analisarmos a evolução de K/Joe em 'Blade Runner 2049', então nós podemos concluir que ele passou por todas essas etapas, deixando de ser um Replicante identificado por um número de série e que passou a ter um nome, pois evoluiu no sentido de passar a ter uma alma. 

Desta maneira, ele despertou para o fato de que era um Replicante que matava outros Replicantes que, tal como ele mesmo, desejavam ter uma alma (etapa 1). Ele também passa por um período de sofrimento quando se dá conta disso, bem como quando descobre qual é a história que poderia ser a da sua origem (etapa 2), quando ele consultou a Dra. Ana (a Oráculo). 

Depois, vemos o momento em que Joe rompe com os compromissos que tinha com a manutenção da ordem naquela sociedade em que vivia, o que o levará a entrar em conflito tanto com a sua chefe, a Tenente Joshi, como com a Replicante Luv, que trabalha para Wallace (etapa 3), o seu criador. 

Na sequência, Joe descobre a verdade sobre ele mesmo, ou seja, de que não é o Escolhido, mas mesmo assim decide continuar a sua busca, o que irá leva-lo a conduzir Rick Deckard para conhecer a filha (Ana), mesmo que isso represente a sua morte. 

O próprio Deckard estranha o comportamento de Joe neste momento e lhe pergunta porque ele está agindo desta maneira. A resposta para essa questão é que Joe rompeu com a sua consciência egoísta (etapa 4). Ele colocou a existência dos outros (Deckard, Ana, Replicantes) em um patamar acima da sua.  
Toda a sequência final é filmada com o uso da cor branca, da neve, que representa paz e serenidade, que são os sentimentos dos personagens nesta sequência, de Joe em especial, que sabe que a morte se aproxima, mas tem conhecimento de que a mesma representará a sua libertação final.

E finalmente, Joe atinge o estágio final de sua busca, quando morre e, assim, se une plenamente com Deus, pois agora ele tem uma alma. Aliás, isso comprova que a ideia do próprio Joe, de que é necessário nascer para se possuir uma alma, não é comprovada no final, pois ele passa a ter uma alma mesmo sem ter nascido. 

Entendo que isso acontece porque no filme a ideia que é defendida é a gnóstica, ou seja, a de que a libertação e iluminação individual não são presentes divinos, algo que já esteja dado ou garantido, mas precisam ser conquistadas. Elas são fruto do esforço da pessoa, o que explica a razão do iniciado ser submetido a tantos testes e provas. 

Não é à toa que a cena na qual vemos a morte de Joe é marcada por uma sensação de alívio, de satisfação, de paz interior, pois ele percorreu todo o caminho de busca espiritual e, agora, atingiu o seu objetivo e essa jornada chegou ao seu final. 

A visão de Joe deitando na escada, com os flocos de neve caindo sobre o seu rosto, o mostra com uma expressão no rosto marcada por um sentimento de paz e serenidade, que é a expressão de quem atingiu essa última etapa, a da plena união com Deus. E quando o seu corpo é mostrado a partir de cima isso representa o momento em que essa união já aconteceu. 
A morte chegou para Joe, que ele recebeu de forma calma e serena, pois ele sabe que cumpriu toda a sua jornada, de busca espiritual, rumo à união com Deus.

Aliás, para mim, essa sequência da morte de Joe é uma das belas e emocionantes da história do cinema, com a música tema de Vangelis, do primeiro filme, tocando enquanto Joe vai morrendo, tal como aconteceu quando da morte de Roy em 'Blade Runner' (1982). É uma sequência absolutamente fantástica.

Desta maneira, Denis Villeneuve e os roteiristas fizeram um trabalho brilhante neste 'Blade Runner 2049', expandindo o universo do filme original, estruturando a história em torno da luta pela liberdade individual, por justiça e também mostrando uma jornada de busca espiritual do ser humano rumo ao Criador, com o objetivo de se unir a Deus. 

Eles fizeram isso e, ao mesmo tempo, se mantiveram fiéis ao clima de Noir futurista e ao contexto apocalíptico no qual a história se desenvolve, introduziram elementos históricos relevantes e atuais (guerras, destruição ambiental, desigualdades sociais), bem como trataram das questões filosóficas relacionadas a respeito do que é um ser humano, que estão presentes no livro de Philip K. Dick que deu origem aos dois filmes.

Com isso, entendo que ao realizar 'Blade Runner 2049', o cineasta Denis Villeneuve dirigiu aquele que pode ser considerado, sem qualquer sombra de dúvida, como um dos melhores filmes deste século. E à medida que o filme for melhor compreendido, então ele também acabará sendo reconhecido como um clássico, tal como aconteceu com o primeiro 'Blade Runner'.
Observado do alto, do Céu, Joe morre, mas se une à Deus e, assim, torna-se uma parte da essência divina. Ele atingiu o seu objetivo, de passar a ter uma alma e de se unir ao Criador. A sua busca espiritual está concluída.

Informações Adicionais!

Título: Blade Runner 2049;
Diretor: Denis Villeneuve;
Roteiro: Hampton Fancher e Michael Green; baseado no livro 'Androides sonham com ovelhas elétricas?', de Philip K. Dick;
Gênero: Ficção Científica; Drama;
Duração: 164 minutos;
Ano de Produção: 2017;
País de Produção: EUA;
Música: Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch;
Fotografia: Roger Deakins;
Elenco: Ryan Gosling (K/Joe); Harrison Ford (Rick Deckard); Ana de Armas (Joi); Robin Wright (Tenente Joshi); Dave Bautista (Sapper Morton); Sylvia Hoeks (Luv); Jared Leto (Niander Wallace); Hiam Abbass (Freysa); Mackenzie Davis (Mariette); Edward J. Olmos (Gaff); Lennie James (Mr. Cotton); Carla Juri (Dra. Ana Stelline); Barkhad Abdi (Dr. Badger); Sean Young (Rachael); Loren Peta (Dublê de Sean Young); 
Prêmios: Oscar e BAFTA de Melhor Fotografia (Roger Deakins) em 2018; 
Oscar e BAFTA de Melhores Efeitos Visuais em 2018.


Links:


Trailer do filme:
https://www.youtube.com/watch?v=oKQy6ClO8LM

Confira os 3 vídeos que contam a história entre o primeiro e o segundo filmes (os três curtas estão legendados em português e somam quase 27 minutos):

Blade Runner: Black Out 2022:
https://www.youtube.com/watch?v=66uD2nsnuRs

Blade Runner 2036: Nexus Dawn:
https://www.youtube.com/watch?v=TqVHst8ldAw

Blade Runner 2048: Nowhere to Run:
https://www.youtube.com/watch?v=C22ji0iPDkk&t=30s

Ana recebe a visita de Deckard, sem saber que o mesmo é o seu pai. Ela é a criança milagrosa, mas não pode sair do local em que se encontra devido a uma doença de origem genética.

O que é a Gnosis:
https://gnosisbrasil.com/gnosis/

O caminho espiritual do iniciado - Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã:
https://www.levir.com.br/raul.php?msg=60

Epístola de São Paulo aos Gálatas:
http://www.di.ubi.pt/~jpaulo/biblia/Galatas.htm

Os 10 princípios Gnósticos de Philip K. Dick:
http://www.sgi.org.br/pt/arte/os-10-principios-gnosticos-de-philip-k-dick/

Arqueólogos dizem que um meteorito destruiu Sodoma e Gomorra:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/sodoma-gomorra-explosao-asteroide-historia.phtml

Uma Breve história dos Hebreus:
http://www.historialivre.com/antiga/hebreus.htm

O Existencialismo melancólico de 'Blade Runner 2049':
https://queridocinefilo.wixsite.com/site/post/blade-runner-2049

Blade Runner, Frankenstein e os limites do que é humano:
https://www.momentumsaga.com/2019/07/blade-runner-frankenstein-e-os-limites-do-que-e-humano.html

Abelhas e o seu significado:
https://www.dicionariodesimbolos.com.br/abelha/
Deckard finalmente encontra Ana, a filha que concebeu com Rachael e que ele não via desde o seu nascimento. E ao colocar a mão no vidro que o separa da filha doente ele está tentando estabelecer uma conexão emocional com a mesma. 

A água e o seu significado:

Quem era Saulo antes de se tornar cristão e mudar o nome para Paulo:

A Iniciação e as Provas:

O Pacto de Deus com Abraão:

E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará:

A história da Gnose:

Os 4 pilares da Gnose:

O cavalo e a sua simbologia:

O significado da cor branca:

Os pontos chaves do Gnosticismo para iniciantes:

O significado de Gnose:

O significado das flores amarelas:


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